domingo, 28 de junho de 2015

O mal estar na cultura, segundo Freud

Bom dia! O texto de hoje é o mal estar na cultura, de Freud. Esse texto se pergunta porque é tão difícil para o ser humano encontrar a felicidade, sendo plenamente feliz.
Para Freud, o ser humano está condenado a infelicidade, impossibilitado de ser feliz plenamente. A partir daí ele faz um histórico da cultura, como sua origem, suas variações, para que assim ele consiga explicar esse mal estar referente a vida humana. 
Segundo Freud, o mal estar nos acompanha desde sempre, o ser humano está fadado a isso. Sente-se desamparado, buscando incessantemente em alguém ou algo a satisfação do seu prazer. Muitas vezes procuram as drogas, o amor, a religião, doenças psicológicas como satisfação, onde para Freud o amor é a melhor forma de conseguir a felicidade, é mais alcançável pelo ser humano.
Algo que me incomodou muito foi Freud falando da religião como forma de alcançar a felicidade. Ele diz que a mesma deprecia o valor da vida e desfigura a imagem do mundo real. Isso talvez tenha me incomodado pelo fato desse ser meu apoio na vida e pelo contato continuo e diário que eu tenho com a religião, não só minha mas de diversas pessoas com diversas perspectivas de vida. Jamais nesse mundo a religião deprecia o valor da vida, queria entender de onde ele tirou isso, por que a parte de desfigurar a imagem do mundo eu até acho fundamentos, mas dizer que deprecia o valor da vida é completamente ridículo. Hoje o mundo quem não dá valor a vida, e a religião que esta suportando esse ataque a vida. 
Enfim, Freud também diz que a infelicidade é mais comum ao ser humano, onde o sofrimento nos acompanha. Isso é aplicável, se olharmos a nossa volta vemos que nunca estamos satisfeitos ou felizes com o que temos, estamos sempre almejando mais e mais, e esse prazer que nunca é alcançado acaba frustrando as pessoas. 
Ainda são citadas três fontes de sofrimento, sendo elas o poder da natureza, a fragilidade do corpo humano e as fontes da sociedade.O poder da natureza o ser humano não controla, a fragilidade do corpo nós tentamos mas não temos poder pleno sobre ele, e as fontes da sociedade foram criações nossas e são controladas por nós, mas nos fazem sofrer. 
A cultura, que é o título do texto, que ao meu ver é fonte da sociedade, segundo Freud, foi criada para nos fazer feliz, mas se volta contra nós, isso é verdade, basta novamente olharmos a nossa volta, ou seja, nem quando criamos algo nós mesmos que fora criado para nossa felicidade, nós conseguimos ser felizes. 
É isso, confesso não concordar com Freud em alguns pontos e em outros concordar totalmente. Digo ainda que tal texto ao meu ver fora um dos mais fracos da matéria, entendo sua colocação na mesma, mas os outros foram muito mais interessantes e enriquecedores do que este.
 REFERÊNCIA:
Freud, S (2010) o mal estar na cultura. Porto Alegre:L&PM 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Neuropsicologia na guerra - parte II (final).

Boa noite, daremos continuidade ao texto comentado na última postagem. O texto fala sobre o homem que teve seu mundo completamente modificado por um ferimento a bala que perfurou e danificou seu cérebro quanto ele tinha 23 anos de idade. Seu nome é Lev Zasetsky e quem o tratou foi um médico russo chamado Alexander .
Para que entendamos melhor o que aconteceu e onde Lev fora ferido, Luria nos explica como o cérebro funciona. Ele se divide basicamente em três grandes blocos. 
O primeiro bloco é o responsável por energizar o cérebro, ser uma fonte de energia para o resto do cérebro, como um ponto de partida da ativação vital. É a parte que auxilia o cérebro a se manter alerta e ativo de maneira geral. Esse bloco não fora afetado no ferimento de Lev.
O segundo bloco se subdivide, e é importante para nós por que foi a área degradada pelo ferimento da bala. Basicamente, ele é um bloco responsável pelo recebimento, processamento e retenção de informação que a pessoa extrai do mundo. Além disso, ele está ligado ao córtex visual, onde dependendo da área, se for afetada perde-se a visão ou vê-se com a clareza de antes de ser afetado, mas não sintetiza em uma imagem completa, ou seja, fica incapaz de reconhecer os significados visuais, como o exemplo do óculos onde a pessoa entende que é uma haste com lentes mas não sabe para que isso serve. 
E mais, esse 2º bloco também possui uma zona de convergência  entre a visão, o tato-motora e a auditiva-vestibular do cérebro, que é chamado de setor terciário. Se esse setor for afetado, a pessoa tem seu mundo fragmentado, não consegue combinar imediatamente suas impressões, além disso, isso está ligado a linguagem, que nada mais é do que crucial para a comunicação humana pois a me

sma funciona como meio de comunicação, de percepção, de memória e organiza nossa vida.
O terceiro bloco é o que forma e sustenta as intenções pessoais, as planeja e as leve a ser realizada. Esse bloco também não fora afetado em Lev, por isso ele tinha conhecimento do que acontecerá com ele e queria voltar a ser uma pessoa "útil" como ele mesmo disse.
Fica evidente  que o ferimento dele afetou o segundo bloco, pois como dito anteriormente, ele não vê o lado direito das coisas por que a imagem não é formada pelo cérebro, ele tem a linguagem deturpada pois não se recorda de nomes de coisas, nem de pessoas. O significado visual para ele, inicialmente não era compreendido. Além disso, a zona de convergência dele fora danificada pois ele não consegue combinar imediatamente suas impressões.
Ao fim do texto Luria  volta a relatar o que Lev falou, que ele não consegue ver as coisas inteiras, os objetos estão trêmulos, não vê o lado direito dar coisas, sua dificuldade em ler as coisas por essas limitações existirem, perda da proporção do corpo, onde em momentos seu corpo parecia maior mas em outros momentos parecia minúsculo, onde ele alega ter perdido o senso do seu corpo.
O que me engrandeceu ao ler esse texto foi no quanto Lev lutou para tentar reconstruir sua história para si mesmo. Acredito e tenho quase certeza que não foi nada fácil sua caminhada até esse momento, mas sua determinação me enche os olhos de lágrimas, por que pra mim a nossa memória é tudo o que temos. O resto que temos, se não temos nossas lembranças não vale de nada pois não será lembrado por nós. E essa busca incessante dele pela sua vida, que é sua memória me comove muito e me estimula futuramente a tentar ajudar pessoas com condições semelhantes de perda de memória.

REFERÊNCIA:
Luria, A.R. (2008) O homem com um mundo estilhaçado. Rio de Janeiro: Vozes.

sábado, 6 de junho de 2015

Neuropsicologia na guerra - parte I.

O texto a ser comentado nesse post me deixou bastante triste, confesso. Conta a história de um homem que ao participar de uma guerra foi ferido na cabeça, e esse ferimento devastou sua vida, como ele mesmo escreveu.
O texto descreve o dano causado na vida de um homem por um projétil que perfurou seu cérebro. A autora o acompanhou por 26 anos em média, e teve acesso a seus cadernos, onde ele descreve sua vida. Ele escreveu após o acidente, sobre possíveis memórias, sensações atuais e passadas, os danos que o ferimento o causou, entre outras coisas. Quando ele estava bem, conseguia escrever apenas duas páginas, e ao fim demonstrava uma certa exaustão.
Segundo ele, escrever era sua única ligação com a vida, de tentar recuperar pelo menos uma parte do que perderá pelo ferimento.
Algo que me demostra muita força de vontade dele é ele dizer que não desistira da luta, que continuará a lutar. Tentando distantemente me imaginar numa situação similar é muito complicado, seja vendo alguém próximo assim ou eu mesma nela. Tem que se ser muito forte para ter que passar por esse processo de aprendizagem da vida.
É muito pesado para mim ler ele questionando "Porque minha memória não funciona, minha visão não retorna? Porque minha cabeça está continuamente doendo e zumbindo?", mas me mostra a superação ao ler, logo após isso ele dizer: "Não perdi a esperança. Tento melhorar minha situação". Ele tenta desenvolver a capacidade de lembrar e falar, de pensar e de compreender.
Me é muito estranho o que ele passa. Numa parte ele demonstra se lembrar da infância, da sua cidade, da sua professora e seu amiguinhos da infância, de ter ido para uma guerra contra a Alemanha dos nazistas, e até do ferimento. Lembra de estar indo num afrontamento e depois estar confuso, numa posição onde não se lembra de nada, nem consegue falar. Ele diz " minha cabeça parecia completamente oca, sem pensamento ou memória, apenas uma forte dor e um zunido", além disso ele descreve uma sensação de atordoamento. 
Ele relata a sala de operação, a qual ele estava para operar sua cabeça. E diz ainda que, foi depois da cirurgia, após uma pessoa repetir seu nome várias vezes que ele se recordou que aquilo era seu nome, mas que ele ainda sentia como se sua memória parecesse mal existir.
Ele aceitar o que ele disse, que parecia uma recém-nascido, deve ter sido uma luta muito grande. Mas acho que isso o ajudou a perceber que talvez o melhor caminho fosse ir a passos pequenos. Ele disse que no segundo mês lembrou-se quem era Lenin, a compreender palavras como sol, lua, nuvem e chuva, e a lembrar seu nome e sobrenome. Lembrava-se que tinha uma mãe, duas irmãs e um irmão.
Ver ele dizer que se sentia uma pessoa anormal é muito triste, se sentir inútil. Não imagino os sentimentos dele ao dizer isso. Descrevia sua mente como uma completa desordem e confusão, e seu cérebro como fraco e limitado. Não compreender as imagens que se formavam em sua cabeça devia lhe causar uma frustração tremenda. Ele afirmou se recordar de fragmentos, pedaços de coisas desconexos.
Num momento do texto ele diz ter morrido quando aquele ferimento aconteceu. Eu entendo esse seu pensamento, mudou sua vida completamente, o fez se sentir como uma criatura que não serve para nada, alguém que não tem controle sobre si.
Até agora foi comentado o que ele escreveu, agora relatarei o que a autora escreveu, o acompanhamento que a autora do livro dava a ele. Ler as respostas que ele dava a ela no início demonstram o quanto ele estava confuso. Ele para ler precisava ler sílaba por sílaba, sus respostas possuíam lacunas porque ele não entendia como passar aquilo que ele "pensava", não achava palavras pras coisas que ele queria dizer. 
Ela comentou que ele perdera a visão do lado direito e para ver precisava virar a cabeça lateralmente. 
Ela o fazia perguntas e ele fazia um esforço enorme para respondê-la. Não consigo imaginar a frustração dele ao não conseguir respondê-la, e o que a autora sentia ao ver um homem sem resposta para questões tão simples. Ao perguntar dos meses do ano cronologicamente, ele conseguiu respondê-la, mas ao ser perguntado do inverso não conseguia. Ela mostrou não entender esse dilema, e realmente é algo a ser pensado, pois se ele lembrava dos meses, porque só por mudar a ordem ele não lembrava? O que acontecia em sua cabeça que ele não conseguia respondê-la algo que era quase que a mesma coisa que ele acabará de acertar? É como ela disse, ela quer entender por que o mundo dele desmoronou de tal maneira que tudo parece alterado para ele.
Continuaremos a relatar do texto no próximo post. Por agora só falarei um pouco da minha visão sobre o que foi lido.
O texto me fez ficar bastante pensativa. Primeiro pelos danos que o ferimento o causou. Me dá muita pena pensar no que esse homem passou tentando lembrar das coisas e fracassando. E essa tentativa incessante dele em reconquistar suas memórias, em não desistir, me faz parar e pensar na vida. Realmente, como a autora disse, ele é um herói, por que conseguiu tirar forças para tentar voltar a viver, e não somente existir. 
Me faz questionar o que acontece no nosso cérebro. Qual a explicação para a memória "picotada" dele, porque ele se lembra de flashs, porque ele conseguiu se lembrar dos meses de uma forma, mas de outra não, sendo que quase se referem a mesma coisa? Além disso, isso desperta em mim uma vontade de tentar apoiar pessoas que busquem respostas e soluções pra pessoas assim. Quando digo pessoas assim me refiro àqueles que lutam para voltar a viver, que tiveram alguma doença que os devastou, mas mesmo assim continuam a lutar por que eles encontram motivos para viver.
Esse texto não me deu grandes descobertas nem nada, como alguns anteriores fizeram, mas me chamou muita atenção até agora, por que são história como a desse homem que me marcam e me inspiram. Creio que desistir seria a saída mais fácil para ele, mas ao ver ele se esforçando, ficando exausto, fracassando, mas não desistindo de lembrar das coisas me vem como um tapa na cara, e acho que na cara de muitos que leram sobre ele.
REFERÊNCIA:
Luria, A.R. (2008) O homem com um mundo estilhaçado. Rio de Janeiro: Vozes.