terça-feira, 14 de abril de 2015

Sobre ser são em lugares insanos.

O texto a ser comentado hoje é um texto que se baseou em uma pesquisa de Rosenhan, onde ele investigou a capacidade dos psiquiatras em identificar a diferença entre pessoas "sãs" e as "insanas", no ano de 1972. Nessa pesquisa, ele fez com que 8 pessoas "sãs", ele incluso, fossem a diferentes hospitais psiquiátricos alegando estarem ouvindo uma voz dizendo "tum", mas todo o resto dito seria verdade. Ele utilizou essa palavra porque, segundo o que foi dito no texto, não havia registros de alucinação auditiva com essa palavra. Além disso, os ensinou conseguir fingir tomarem os remédios, caso fosse necessário.
Os registros da pesquisa não são muito completos, mas foi visto que, mesmo mostrando apenas um sinal de alucinação, Rosenhan e os outros 7 foram internados, um como psicótico maniaco e os outros com esquizofrenia. Assim que receberam o diagnostico e foram internados, eles já alegaram não ouvir mais a voz e relataram as situações reais e "normais" de suas vidas. Mas mesmo assim eles ficaram bastante tempo internados, na média 17 dias, onde o que ficou menos tempo ficou 7 dias e o maior tempo de internação foi de 52 dias.
Os relatos do que acontecia nos locais de internação chocaram a sociedade naquela época, pois foi demonstrado um descaso com os pacientes mentais naquele local o qual deveria cuidar deles. Rosenhan diz que sentia que os pacientes eram tratados como indignos de importância, invisíveis, onde os enfermeiros não os notavam, não se importavam se estavam ou não tomando remédio desde que se comportassem, e aqueles que os incomodavam poderiam ser espancados, sem motivos aparentes.
Nas terapias que eles tiveram de fazer nas internações, eles contaram suas histórias reais, e apesar disso, suas histórias foram meio que adaptadas para o diagnostico previamente dado a eles. Isso é dito por ele, porque, se alguém denominado normal as contasse seria completamente comum, mas como era um louco, aquilo era história de vida de louco, que contribuiu pra sua loucura.
O interessante pra mim, foi quando ele disse que os ditos insanos, os de verdade e não os que fingiram ser para a pesquisa, perceberam que ele não era insano, que ele provavelmente era um professor ou alguém que investigava o hospital. Isso chega até a ser engraçado, pois eles que não tem formação acadêmica alguma conseguem identifica-lo, mas os profissionais não conseguiram. Ao meu ver, talvez isso tenha acontecido por medo de a pessoa ter algum problema, mas como não possui muitas alucinações além da voz dizendo tum, preferem prevenir a arriscar a pessoa ter um surto. Pra mim, não cabe apenas apontar o dedo aos psiquiatras naquela época, até porque as doenças mentais, até hoje, são muito difíceis de serem diagnosticadas com certeza, deve-se analisar mais a fundo, não sei de que forma, mas é o mais certo. Mas a verdade que temos é que as doenças mentais são reais, e são perigosas muitas vezes, por essa dificuldade de diagnostico, então pode ter sido um erro interná-los, mas naquele momento, os psiquiatras podem ter ficado com medo de perder uma vida ou que a pessoa perdesse sua sanidade e tentaram ajudar.
Concordo com o que foi dito no estudo, que o diagnóstico não fora realizado na pessoa, mas no contexto do seu diagnóstico, que os rótulos determinam como vemos as coisas e pessoas, isso talvez aconteça pela nossa natureza humana, onde criamos pre-conceitos das coisas e tudo o que vemos acaba por nos confirmar aquela primeira impressão. Mas é necessário investigar o fato descrito no estudo mais a fundo e de perto para se ter uma conclusão concreta do porque os psiquiatras os internaram e mantiveram lá por tanto tempo, mesmo sem demonstrarem mais alucinações.
A autora do texto refez o teste de Rosenhan, e mesmo sem possuir outros sintomas além daquela palavra tum, recebeu receitas de anti-depressivos e psicóticos. Novamente pra mim, isso apenas confirma o receio dos psiquiatras em liberar uma pessoa que não possui muitas características de doença mental, mas que possa ter a possibilidade de apresentar algum problema mental.
Isso é algo muito difícil e complicado para se julgar e dizer que os psiquiatras erraram feio ou algo do tipo, os problemas mentais são de difícil diagnostico. Os médicos são formados para curar e salvar a vida das pessoas, aquela atitude talvez precipitada de internação e receita de medicamentos seja uma forma de evitar perder vidas e não dar brecha aos males que podem atingir as pessoas. É obvio que foi um erro internar pessoas normais por tanto tempo, mas elas alegaram algo que intrigou os psiquiatras, que, novamente, pelo medo de perder um paciente, optaram por tratá-los sem conhecimento pleno do seu problema, mas tudo com a intenção de cuidar deles. A falta de caridade com os doentes na internação, o descaso e as agressões sim são problemas gravíssimos que devem ser combatidos de todo jeito, mas isso, creio eu, não está ligado a profissão alguma, mas sim a falta de caráter e compaixão das pessoas, isso deve ser trabalhado desde berço e por toda a sociedade pois é totalmente inadmissível, acima de tudo deve ser punido e corrigido pois, independente de quem somos e o que temos merecemos respeito acima de tudo.

REFERÊNCIA:
Slater, L.(2004) Mente e Cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro

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