sexta-feira, 27 de março de 2015

Suicídio, prevenção de suicídio e o trabalho do Centro de Valorização da Vida.

O texto a ser comentado hoje é uma monografia chamada “Prevenção do Suicídio: Um relato da Capacidade dos Voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) no Município de Porto Alegre”,  da Patrícia D’Avila Venturela. Eu indico o texto e essa postagem no blog a todos aqueles que estão passando por uma crise pessoal, , para que as pessoas saibam que tem gente interessada em ajudá-los, basta procurar o CVV (Centro de Valorização a Vida), além disso, o texto também é interessante para aqueles que conhecem alguém que esteja passando por isso, pois nos mostra o que é necessário para que possamos ajudar essas pessoas de uma forma que seja possível tirar delas essas emoções destrutivas.
A monografia dela descreve a problemática do suicídio sobre diferentes teorias e como o CVV atua, desde recrutamento de voluntários até começarem a  atuar.
É dito que o suicídio não é algo que possa ser explicado apenas com as motivações pessoais das pessoas que tentam cometê-lo, mas também por aquilo que aconteceu antes do atentado. E eu concordo bastante com isso, pois como é visto no próprio texto, a ideia de suicídio não surge de forma repentina sobre a mente da pessoa, é algo que se formula ao longo do tempo, e se isso acontece, provavelmente tem relação com a vida da mesma, a vida em relações externas a pessoa.
Existe um tabu, um preconceito quanto ao suicídio. Do tipo que ninguém comenta sobre o assunto, e aqueles que já tentaram cometer suicídio, mas falharam, são até descriminados por isso, fato que poderia ajudá-lo a consumar o suicídio futuramente, pois ao meu ver, o que a pessoa menos precisa depois de uma tentativa de suicídio é de pessoas apontando o dedo para ela dizendo o quanto ela é fraca, o quanto ela é egoísta, imatura, entre outras coisas que são ditas a eles, como no exemplo em que nos próprios hospitais eles são rejeitados porque “deve-se dar atenção aqueles que desejam a vida e não a morte”. O certo é dar atenção, carinho para entender o porque daquela atitude e fazer de tudo para que nunca mais tente novamente, fazer com que aquela pessoa volte a desejar a vida e rejeite tirá-la de sí.
A verdade que é dita no texto é que ninguém comenta de suicídio antes do mesmo acontecer, depois que o mesmo acontece é que se busca saber o que se passava com a pessoa, e para aquela pessoa, já nem vale mais a pena entender, não tem como reverter.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou o crescimento dos suicídios nos últimos anos. Isso deve ser preocupação geral, algo deve ser feito para que isso não aconteça, pois como a autora retratou, o suicídio já virou um problema da saúde pública. Para que possamos ajudar, devemos começar reconhecendo que não é função única e exclusiva dos profissionais da saúde mental a prevenção de suicídios, ate porque, como foi dito na monografia, mais da metade das pessoas que cometeram suicídio nem chegaram a se consultar com eles. É necessário que toda a sociedade se preocupe com isso, seja mais atenta se perceber que algo está errado com alguém que se encontra a sua volta. É ai que entra o que vimos no texto passado, aquilo de perceber o sofrimento do outro, se compadecer com ele, buscar entender o que ela passa e assim tentar ajudar essa pessoa, sem julgamentos nem nada, pura e simplesmente pensando no bem estar dela.
A autora nos dá algumas abordagens teóricas que eu achei interessante comentar sobre o suicídio. Segundo a sociologia, baseada em Durkheim, o ato de suicídio é na verdade uma tentativa de comunicação daquela pessoa com alguém a sua volta, a mesma tira a própria vida para se fazer ouvir. Segundo Durkheim, existem três tipos de suicídio, o egoísta (que aquele que a pessoa é individualista, pensa essencialmente nela e não interage com os grupos sociais), o altruísta (que é o que a pessoa não pertence a si, não tem vontades próprias, não se reconhece, e só consegue se expressar na morte) e o anônimo (que é o que não se sente pertencido aos grupos sociais, mas relaciona sua morte as questões externas a ele, como por exemplo mudanças repentinas que acontecem a sua volta). Já segundo a psicanálise, destacando Freud, o suicídio está relacionado a melancolia, onde há a dor de algum objeto que foi retirado da pessoa, como a morte de alguém, perda de algo como um sonho, onde a pessoa se sente vazia por dentro, e há duas alternativas para aqueles que se sentem assim, a autodestruição ou a superação dessa melancolia. Passando para o âmbito humanista, temos a fala de Rogers, que a pessoa que comete suicídio na verdade está indo contra a instinto natural humano, que é aquele que busca direções construtivas, e não destrutivas. Segundo ele, o suicida não se encaixa no ambiente percebido por ele, ambiente esse que cada ser humano tem o seu, e por isso comete o suicídio.
Ainda se referindo a Rogers, ele nos dá as Relações de Ajuda aos suicidas, que são alternativas para entender aquele individuo, visando salvá-lo daquele sentimento destrutivo, e que, ao meu ver, qualquer pessoa teria a capacidade de aprendê-las para ajudar aqueles que estão precisando pois não demandam do facilitador nada muito incabível. Essas relações de ajuda se utilizam de três condições facilitadoras que se baseiam no diálogo. Sendo elas a compreensão empática (que é aquela em que a pessoa que está com a tendência suicida não consegue ser entendido, e através dessa compreensão do facilitador que esta dialogando com ele, ele consegue comunicar seus desejos, mas para isso o facilitador tem que mergulhar no mundo da pessoa, sem esquecer que aquele não é seu mundo), a positiva incondicional (que é a que o facilitador cria condições para o individuo, na qual ele mostra aceitação daquele individuo como ele é, naquilo em que ele anseia aceitação. Lembrando que aceitação  não é aprovação, é apenas aceitar, sem julgamentos.) e por fim a congruência (que é a que o facilitador tem um diálogo franco e honesto com o indivíduo, mas visando sempre o bem estar da pessoa, ou seja, tendo caridade com a mesma).
Agora passaremos a falar do programa que ajuda na prevenção de suicídio, que é um programa do Centro de Valorização a Vida (CVV), na foto temos o contato caso alguém precise.

                     
Esse programa é feito pelo CVV, que é um centro de apoio a vida, onde os mesmos possuem programas para pessoas com diversas questões pessoais que podem chegar a ameaçar a vida deles. Um desses programas é o programa de prevenção ao suicídio.
Tal programa conta com voluntários, voluntários estes que precisam obrigatoriamente passar por um treinamento específico, para que assim eles saibam como agir diante das diversas situações que eles podem passar durante seu trabalho no CVV. Esse treinamento deles é baseado nos ensinamentos de Rogers, os quais já citei acima, se baseando principalmente na relação de ajuda dita por ele, as quais eu concordo que aparentam ser eficazes, e depois de ver um programa tão bem sucedido como o do CVV é como uma confirmação pra mim de que são eficazes sim ao ajudar essas pessoas que estão pensando em tirar a própria vida.
O CVV atende no seu telefone (141 ou 33264111 para o DF) 24 horas todos os dias do ano, pessoalmente no horários ditos no site deles e mediante marcação (mas há casos de urgência em que os voluntários se deslocam independente da hora ou marcação para encontrar alguém que ligou para eles, provavelmente porque a pessoa está numa crise) e pela internet, podendo ser no chat deles ou no skype com eles ( aqui o endereço: http://www.cvv.org.br/site/chat.html).
O trabalho feito pelo CVV deve ser divulgado, pois é através dele que quem necessita muitas vezes consegue se salvar de um possível suicídio, mas, é também através da divulgação que pessoas dispostas a ajudar conhecem o programa e se voluntariam no mesmo, sendo muito importante para dar continuidade e ajudar o programa a crescer. Por isso, se puderem, divulguem que esse programa do CVV existe, para que assim, se alguém precisar, saiba a que recorrer.


REFERÊNCIA :
Venturela, P.D. (2011) Prevenção do Suicídio: Um relato da Capacitação dos Voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) no Município de Porto Alegre. Monografia. UFRGS.
Contato do CVV:

TELEFONE: 141 

Nenhum comentário:

Postar um comentário