domingo, 28 de junho de 2015

O mal estar na cultura, segundo Freud

Bom dia! O texto de hoje é o mal estar na cultura, de Freud. Esse texto se pergunta porque é tão difícil para o ser humano encontrar a felicidade, sendo plenamente feliz.
Para Freud, o ser humano está condenado a infelicidade, impossibilitado de ser feliz plenamente. A partir daí ele faz um histórico da cultura, como sua origem, suas variações, para que assim ele consiga explicar esse mal estar referente a vida humana. 
Segundo Freud, o mal estar nos acompanha desde sempre, o ser humano está fadado a isso. Sente-se desamparado, buscando incessantemente em alguém ou algo a satisfação do seu prazer. Muitas vezes procuram as drogas, o amor, a religião, doenças psicológicas como satisfação, onde para Freud o amor é a melhor forma de conseguir a felicidade, é mais alcançável pelo ser humano.
Algo que me incomodou muito foi Freud falando da religião como forma de alcançar a felicidade. Ele diz que a mesma deprecia o valor da vida e desfigura a imagem do mundo real. Isso talvez tenha me incomodado pelo fato desse ser meu apoio na vida e pelo contato continuo e diário que eu tenho com a religião, não só minha mas de diversas pessoas com diversas perspectivas de vida. Jamais nesse mundo a religião deprecia o valor da vida, queria entender de onde ele tirou isso, por que a parte de desfigurar a imagem do mundo eu até acho fundamentos, mas dizer que deprecia o valor da vida é completamente ridículo. Hoje o mundo quem não dá valor a vida, e a religião que esta suportando esse ataque a vida. 
Enfim, Freud também diz que a infelicidade é mais comum ao ser humano, onde o sofrimento nos acompanha. Isso é aplicável, se olharmos a nossa volta vemos que nunca estamos satisfeitos ou felizes com o que temos, estamos sempre almejando mais e mais, e esse prazer que nunca é alcançado acaba frustrando as pessoas. 
Ainda são citadas três fontes de sofrimento, sendo elas o poder da natureza, a fragilidade do corpo humano e as fontes da sociedade.O poder da natureza o ser humano não controla, a fragilidade do corpo nós tentamos mas não temos poder pleno sobre ele, e as fontes da sociedade foram criações nossas e são controladas por nós, mas nos fazem sofrer. 
A cultura, que é o título do texto, que ao meu ver é fonte da sociedade, segundo Freud, foi criada para nos fazer feliz, mas se volta contra nós, isso é verdade, basta novamente olharmos a nossa volta, ou seja, nem quando criamos algo nós mesmos que fora criado para nossa felicidade, nós conseguimos ser felizes. 
É isso, confesso não concordar com Freud em alguns pontos e em outros concordar totalmente. Digo ainda que tal texto ao meu ver fora um dos mais fracos da matéria, entendo sua colocação na mesma, mas os outros foram muito mais interessantes e enriquecedores do que este.
 REFERÊNCIA:
Freud, S (2010) o mal estar na cultura. Porto Alegre:L&PM 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Neuropsicologia na guerra - parte II (final).

Boa noite, daremos continuidade ao texto comentado na última postagem. O texto fala sobre o homem que teve seu mundo completamente modificado por um ferimento a bala que perfurou e danificou seu cérebro quanto ele tinha 23 anos de idade. Seu nome é Lev Zasetsky e quem o tratou foi um médico russo chamado Alexander .
Para que entendamos melhor o que aconteceu e onde Lev fora ferido, Luria nos explica como o cérebro funciona. Ele se divide basicamente em três grandes blocos. 
O primeiro bloco é o responsável por energizar o cérebro, ser uma fonte de energia para o resto do cérebro, como um ponto de partida da ativação vital. É a parte que auxilia o cérebro a se manter alerta e ativo de maneira geral. Esse bloco não fora afetado no ferimento de Lev.
O segundo bloco se subdivide, e é importante para nós por que foi a área degradada pelo ferimento da bala. Basicamente, ele é um bloco responsável pelo recebimento, processamento e retenção de informação que a pessoa extrai do mundo. Além disso, ele está ligado ao córtex visual, onde dependendo da área, se for afetada perde-se a visão ou vê-se com a clareza de antes de ser afetado, mas não sintetiza em uma imagem completa, ou seja, fica incapaz de reconhecer os significados visuais, como o exemplo do óculos onde a pessoa entende que é uma haste com lentes mas não sabe para que isso serve. 
E mais, esse 2º bloco também possui uma zona de convergência  entre a visão, o tato-motora e a auditiva-vestibular do cérebro, que é chamado de setor terciário. Se esse setor for afetado, a pessoa tem seu mundo fragmentado, não consegue combinar imediatamente suas impressões, além disso, isso está ligado a linguagem, que nada mais é do que crucial para a comunicação humana pois a me

sma funciona como meio de comunicação, de percepção, de memória e organiza nossa vida.
O terceiro bloco é o que forma e sustenta as intenções pessoais, as planeja e as leve a ser realizada. Esse bloco também não fora afetado em Lev, por isso ele tinha conhecimento do que acontecerá com ele e queria voltar a ser uma pessoa "útil" como ele mesmo disse.
Fica evidente  que o ferimento dele afetou o segundo bloco, pois como dito anteriormente, ele não vê o lado direito das coisas por que a imagem não é formada pelo cérebro, ele tem a linguagem deturpada pois não se recorda de nomes de coisas, nem de pessoas. O significado visual para ele, inicialmente não era compreendido. Além disso, a zona de convergência dele fora danificada pois ele não consegue combinar imediatamente suas impressões.
Ao fim do texto Luria  volta a relatar o que Lev falou, que ele não consegue ver as coisas inteiras, os objetos estão trêmulos, não vê o lado direito dar coisas, sua dificuldade em ler as coisas por essas limitações existirem, perda da proporção do corpo, onde em momentos seu corpo parecia maior mas em outros momentos parecia minúsculo, onde ele alega ter perdido o senso do seu corpo.
O que me engrandeceu ao ler esse texto foi no quanto Lev lutou para tentar reconstruir sua história para si mesmo. Acredito e tenho quase certeza que não foi nada fácil sua caminhada até esse momento, mas sua determinação me enche os olhos de lágrimas, por que pra mim a nossa memória é tudo o que temos. O resto que temos, se não temos nossas lembranças não vale de nada pois não será lembrado por nós. E essa busca incessante dele pela sua vida, que é sua memória me comove muito e me estimula futuramente a tentar ajudar pessoas com condições semelhantes de perda de memória.

REFERÊNCIA:
Luria, A.R. (2008) O homem com um mundo estilhaçado. Rio de Janeiro: Vozes.

sábado, 6 de junho de 2015

Neuropsicologia na guerra - parte I.

O texto a ser comentado nesse post me deixou bastante triste, confesso. Conta a história de um homem que ao participar de uma guerra foi ferido na cabeça, e esse ferimento devastou sua vida, como ele mesmo escreveu.
O texto descreve o dano causado na vida de um homem por um projétil que perfurou seu cérebro. A autora o acompanhou por 26 anos em média, e teve acesso a seus cadernos, onde ele descreve sua vida. Ele escreveu após o acidente, sobre possíveis memórias, sensações atuais e passadas, os danos que o ferimento o causou, entre outras coisas. Quando ele estava bem, conseguia escrever apenas duas páginas, e ao fim demonstrava uma certa exaustão.
Segundo ele, escrever era sua única ligação com a vida, de tentar recuperar pelo menos uma parte do que perderá pelo ferimento.
Algo que me demostra muita força de vontade dele é ele dizer que não desistira da luta, que continuará a lutar. Tentando distantemente me imaginar numa situação similar é muito complicado, seja vendo alguém próximo assim ou eu mesma nela. Tem que se ser muito forte para ter que passar por esse processo de aprendizagem da vida.
É muito pesado para mim ler ele questionando "Porque minha memória não funciona, minha visão não retorna? Porque minha cabeça está continuamente doendo e zumbindo?", mas me mostra a superação ao ler, logo após isso ele dizer: "Não perdi a esperança. Tento melhorar minha situação". Ele tenta desenvolver a capacidade de lembrar e falar, de pensar e de compreender.
Me é muito estranho o que ele passa. Numa parte ele demonstra se lembrar da infância, da sua cidade, da sua professora e seu amiguinhos da infância, de ter ido para uma guerra contra a Alemanha dos nazistas, e até do ferimento. Lembra de estar indo num afrontamento e depois estar confuso, numa posição onde não se lembra de nada, nem consegue falar. Ele diz " minha cabeça parecia completamente oca, sem pensamento ou memória, apenas uma forte dor e um zunido", além disso ele descreve uma sensação de atordoamento. 
Ele relata a sala de operação, a qual ele estava para operar sua cabeça. E diz ainda que, foi depois da cirurgia, após uma pessoa repetir seu nome várias vezes que ele se recordou que aquilo era seu nome, mas que ele ainda sentia como se sua memória parecesse mal existir.
Ele aceitar o que ele disse, que parecia uma recém-nascido, deve ter sido uma luta muito grande. Mas acho que isso o ajudou a perceber que talvez o melhor caminho fosse ir a passos pequenos. Ele disse que no segundo mês lembrou-se quem era Lenin, a compreender palavras como sol, lua, nuvem e chuva, e a lembrar seu nome e sobrenome. Lembrava-se que tinha uma mãe, duas irmãs e um irmão.
Ver ele dizer que se sentia uma pessoa anormal é muito triste, se sentir inútil. Não imagino os sentimentos dele ao dizer isso. Descrevia sua mente como uma completa desordem e confusão, e seu cérebro como fraco e limitado. Não compreender as imagens que se formavam em sua cabeça devia lhe causar uma frustração tremenda. Ele afirmou se recordar de fragmentos, pedaços de coisas desconexos.
Num momento do texto ele diz ter morrido quando aquele ferimento aconteceu. Eu entendo esse seu pensamento, mudou sua vida completamente, o fez se sentir como uma criatura que não serve para nada, alguém que não tem controle sobre si.
Até agora foi comentado o que ele escreveu, agora relatarei o que a autora escreveu, o acompanhamento que a autora do livro dava a ele. Ler as respostas que ele dava a ela no início demonstram o quanto ele estava confuso. Ele para ler precisava ler sílaba por sílaba, sus respostas possuíam lacunas porque ele não entendia como passar aquilo que ele "pensava", não achava palavras pras coisas que ele queria dizer. 
Ela comentou que ele perdera a visão do lado direito e para ver precisava virar a cabeça lateralmente. 
Ela o fazia perguntas e ele fazia um esforço enorme para respondê-la. Não consigo imaginar a frustração dele ao não conseguir respondê-la, e o que a autora sentia ao ver um homem sem resposta para questões tão simples. Ao perguntar dos meses do ano cronologicamente, ele conseguiu respondê-la, mas ao ser perguntado do inverso não conseguia. Ela mostrou não entender esse dilema, e realmente é algo a ser pensado, pois se ele lembrava dos meses, porque só por mudar a ordem ele não lembrava? O que acontecia em sua cabeça que ele não conseguia respondê-la algo que era quase que a mesma coisa que ele acabará de acertar? É como ela disse, ela quer entender por que o mundo dele desmoronou de tal maneira que tudo parece alterado para ele.
Continuaremos a relatar do texto no próximo post. Por agora só falarei um pouco da minha visão sobre o que foi lido.
O texto me fez ficar bastante pensativa. Primeiro pelos danos que o ferimento o causou. Me dá muita pena pensar no que esse homem passou tentando lembrar das coisas e fracassando. E essa tentativa incessante dele em reconquistar suas memórias, em não desistir, me faz parar e pensar na vida. Realmente, como a autora disse, ele é um herói, por que conseguiu tirar forças para tentar voltar a viver, e não somente existir. 
Me faz questionar o que acontece no nosso cérebro. Qual a explicação para a memória "picotada" dele, porque ele se lembra de flashs, porque ele conseguiu se lembrar dos meses de uma forma, mas de outra não, sendo que quase se referem a mesma coisa? Além disso, isso desperta em mim uma vontade de tentar apoiar pessoas que busquem respostas e soluções pra pessoas assim. Quando digo pessoas assim me refiro àqueles que lutam para voltar a viver, que tiveram alguma doença que os devastou, mas mesmo assim continuam a lutar por que eles encontram motivos para viver.
Esse texto não me deu grandes descobertas nem nada, como alguns anteriores fizeram, mas me chamou muita atenção até agora, por que são história como a desse homem que me marcam e me inspiram. Creio que desistir seria a saída mais fácil para ele, mas ao ver ele se esforçando, ficando exausto, fracassando, mas não desistindo de lembrar das coisas me vem como um tapa na cara, e acho que na cara de muitos que leram sobre ele.
REFERÊNCIA:
Luria, A.R. (2008) O homem com um mundo estilhaçado. Rio de Janeiro: Vozes.

domingo, 31 de maio de 2015

A cocaina, parte II.

Na postagem de hoje comentaremos sobre o mesmo texto da semana passada. Mas essa parte do texto teve uma leitura muito melhor e mais fácil, por ser mais prática. É a parte prática do estudo de Agostinha Mariana chamado "Complexidade de associações de estímulos condicionais de “occasion setting” do contexto do uso de droga, com abstinentes de cocaína: Uma interface entre o laboratório e a clínica".
A metodologia do estudo foi qualitativa, e contou com 15 participantes, todos homens, onde eles deveriam ter abstinência mínima de 3 meses. Eles tinham entre 24 e 40 anos. Esse número de participantes foi escolhido porque relatos além desse número não acrescentariam mais. A autora buscava examinar com maior profundidade ps significados e representações atribuídas aos efeitos da droga, olhando como os adictos veem o contexto do uso da cocaína.
Foram observadas a história do uso da droga, a manutenção da abstinência, os efeitos da droga, entre outros. E foi através do estudo disso que se identificou elementos comuns, regularidades dos elementos e padrões comportamentais dos adictos.
Ao analisarmos o contexto, viu-se que a experiência com as drogas começa geralmente com a maconha, onde o aumento do uso, ou como a autora chama, a escalada de adicção, se dá de forma ou quantitativa ou qualitativa, onde a primeira é dada com o aumento da dose da mesma droga, e a segunda se dá pela mudança para uma droga mais pesada.
Já sabemos que eles passam de uma droga mais "leve" para outras mais pesada, mas por que disso? A várias justificações para essa passagem, sendo ela como a explicação que diz que a maconha é apenas a porta de entrada nesse mundo, instigando eles a explorar, ou a de que as experiência positivas com o uso da maconha os encoraja a usar outros tipos de droga, e por fim a justificativa de que o contato com outras pessoas que usam drogas mais pesadas os influência.
O uso da maconha no estudo se deu entre os 13 e 15 anos, onde eles chegaram até a cocaína mais ou menos entre os 15 e 18 anos, dando ai um período de 2 a 3 anos para a escalada até a cocaína.
Ela ainda lista os motivos de iniciação na droga, podendo ser por curiosidade, influência de amigos e festas, entre outros.
Algo que me surpreendeu muito foi a auto-visão dos adictos, onde eles possuem um sentimento de baixa auto-estima, onde a adicção é geradora de sentimentos de fracasso, inabilidade em responder adequadamente aos desafios do cotidiano. Ou seja, eles têm uma imagem muito negativa de si próprios. Isso me fez refletir que a própria droga já está fadando a pessoa a adicção, pois como foi dito no texto, a pessoa se sente poderosa e dona da razão quando usa a droga, mas quando o efeito acaba ela é uma fracassada, ou seja eles usam-na para se sentirem bem, assim é a pessoa ligando a droga o sentimento de que ela quem lhe dá poder, sendo necessário que aqueles que experimentam por curiosidade tenham isso sob aviso, de que a droga por si só tem seus meios de gerar adicção na pessoa.
É importante sabermos que a auto-estima não nasce com a pessoa, e formada ao longo da vida do mesmo, assim, é necessário que estimulemos aqueles que estão a nossa volta a ligar sua auto-estima a coisas verdadeiramente boas, e mostrarmos que aquela sensação que a droga faz os adictos sentirem é falsa, é mascarada.
Outro ponto que me chamou muito a intenção foi a imagem da família para os adictos. Muitas vezes eu ligava a imagem deles com uma família desestruturada, mas via ao meu redor "filhinhos de papai" que tem "tudo" se tornando adictos. Nunca me passou pensar que a superproteção familiar poderia formar uma pessoa fadada a adicção. Como diz minha mãe e isso se confirma aqui é que "Tudo demais estraga", então largar demais os filhos ou protegê-los ao extremo também, e que isso sirva de aprendizado pra todos nós que pensamos em um dia formar uma família.
A questão da adicção é muito mais complexa do que eu imaginava. Eu a simplificava demais, culpando a própria pessoa por não conseguir sair dessa vida, mas quando eu me compadecia e conhecia a história da pessoa era tomada de dúvidas, e esse texto me mostrou novos horizontes.
Retomando um pouco do texto anterior pois foi retomado nesse texto é a questão da abstinência e recaídas. A abstinência da cocaína fisicamente não é devastadora, mas internamente, mentalmente é, tem que se tomar cuidado com isso. Além disso, uma informação extra é a de que a cocaína tem alto potencial de adicção, então tomem cuidado nas aventuras da vida. As recaídas são comuns, porque há motivadores significativos que fazem com que a pessoa volte a usar, sejam sensações, locais, amigos, etc, que o motivam a cocaína, cabendo, assim apoiar essas pessoas que estão em período de abstinência os dando motivadores significativos contra o uso da droga que sejam mais fortes do que os de usá-la, dar motivos pessoais ao adicto a não querer voltar a usá-la por conta própria.
Ao meus ver, o Brasil é muito precário quanto aos tratamentos aos adictos. Pode ser porque eu não tenha procurado o bastante, mas falando do que conheço, a precariedade é enorme. Pouco se é estudado pelos que tratam dessas pessoas, passando assim um tratamento superficial, onde a pessoa sai da clínica vulnerável a recaídas porque criou uma inverdade de superação da droga, porque o profissional que a tratou não sabe desses detalhes do uso da droga. Assim, espero que isso mude de alguma forma, e acredito que esse e os demais blogs dos meus colegas podem ajudar nessa "descoberta" de que precisamos voltar os olhos para as drogas, mas não olharmos com repudia e julgá-los, mas tentarmos de alguma forma ajudá-los verdadeiramente a sair dessa vida.
REFERÊNCIA:
Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.

sábado, 23 de maio de 2015

A cocaína, seus fatores e consequências

Hoje o texto a ser comentado tem como foco o estudo da droga cocaína. Confesso ter achado o texto um pouco complexo e maçante mas ainda assim a leitura do mesmo foi bastante válida, e penso ser válida para todos, por mostrar um tema pouco explorado pelas pessoas, onde muitos de nós sabemos apenas superficialmente sobre drogas e sobre a cocaína, as vezes evitando ler sobre por preconceitos, por acharmos que já conhecemos bastante. Falo isso porque eu mesmo tinha preconceitos sobre o tema, mas me abriu os olhos pra algumas coisinhas sobre a cocaína, como sua complexidade de tratamento por exemplo.
O texto explica o porque de estar estudando essa droga, e isso se dá porque o mercado das drogas está em expansão, e seu carro chefe de vendas é a cocaína. Isso todos sabemos definitivamente que é um problema, e grave, porque se seu mercado está mais movimentado, quer dizer que seu consumo está aumentando e deve-se olhar mais de perto isso para que esse fenômeno retroceda pois pra mim saber disso me preocupa bastante.
Como todos sabemos, as drogas causam dependências e adicções, no texto temos a definição desses termos, onde ele nos explica que adicção é o aumento frequente na dose e/ou frequência da droga. Para entendermos a adicção, devemos olhar não somente para a dependência fisiológica da pessoa e o seu organismo, mas também ao contexto em que a pessoa usufrui da droga, só assim iremos entender esse fenômeno. Na verdade, são diversos os fatores do motivo de alguém ser adicto. onde podemos citar Kessler que disse que há fatores de ordem cultura, social, interpessoal e genético. Além desses, são vistos no texto a adicção pode estar relacionada à ansiedade decorrente de perdas, da estrutura familiar. É importante sabermos que são inúmeros os fatores, e para entender a adicção de alguém que é próximo a nos devemos olhar tudo que o compõe, o cerca e o influencia. Ou seja, devemos ter o conhecimento de que a dependência de uma pessoa a uma droga é resultado de uma somatória de problemas de natureza biopsicossocial.
Na década de 80, onde seu uso aumentou consideravelmente, a cocaína era geralmente usada por uma classe com maior poder aquisitivo. Depois a droga se transformou em um fenômeno diversificado, e o consumo da faixa etária de 18 a 25 anos aumentou consideravelmente. Deve-se lembrar que, como se trata de uma droga ilícita, o que é dito sobre o seu uso é dito de forma arbitrária pois o acesso a realidade é impossível por sua natureza ilícita.
Ainda olhando para a cocaina ao longo dos tempos, sabemos que antigamente seus usuários adictos eram vistos como pecadores, criminosos, pessoas fracas, e isso mudou, passou a ser vista como uma doença, e realmente é, pois basta ver a luta que é para sair desse estado de adicção, seu corpo, sua mente, tudo leva a pensar que é melhor continuar o uso pois as sensações da pessoa no período de abstinência são extremamente incomodas.
Para falarmos de abstinência da cocaína, temos de falar primeiro as sensações que a droga fornece. Seus efeitos farmacológicos se assemelham a anfetamina, sendo eles a euforia, a verbosidade, hiperatividade motora e exagero do prazer. Além disso, é conhecido que a cocaína causa taquicardia, aumento de pressão sanguínea e vasoconstrição. A abstinência da cocaína não é vista fisicamente com tanta clareza quanto a abstinência do álcool por exemplo, ela na verdade tende a causar depressão e disforia, ou seja, ataca o psicológico da pessoa. No texto é dito que a abstinência é dividida em duas, a psicológica e a fisiológica, e que a psicológica é mais poderosa que a outra, ou seja, tendem a serem mais difíceis de serem superadas, e a da cocaína é um exemplo dessa abstinência. 
A adicção é influenciada por reforçamentos tanto negativos quanto positivos e alterações de circuitaria neuronal. Além disso, se apoiam no craving, que nada mais é do que desejo compulsório de consumir a droga. E como a cocaína tem período de efeito muito curto, assim impulsiona seu usuário, se ele quiser sentir esse efeito por mais tempo, a consumi-la mais, e se ele fizer esse uso repetidamente ele produzirá um craving muito forte onde ele terá de usá-la compulsivamente para se satisfazer.
Mas a adicção é um termo muito complexo ao meu ver. Além dela ter diversos fatores que podem influência-la a acontecer, os usuários ainda podem criar um aprendizado sobre a droga, onde ele liga lugares, pessoas, dias e os efeitos sentidos a droga. Por exemplo, se eu estou no lugar x, eu ligo a droga; se estou com a pessoa y, eu ligo a droga; se estou no dia n eu ligo a droga; se quero sentir o efeito z, ligo diretamente a droga; ou seja, a pessoa "aprendeu" isso. E esse aprendizado é mais uma barreira para a tentativa de saída da adicção, isso por que se aquela pessoa está tentando sair dessa vida, mas frequenta os mesmos lugares com as mesmas pessoas que ela costumava se drogar, o cérebro a faz relembrar das sensações, e creio eu que isso esteja ligado ao psicológico, logo volta a dar foco na abstinência psicológica que a cocaína causa, assim fortalecendo a adicção. Esse aprendizado, pra mim está bastante ligado a ideia do contexto em que a pessoa usa a droga influenciá-la.
É importante ser dito aqui também que há diversas teorias que embasam meios de tratamento, que são eles a teoria motivacional, a teoria da religiosidade, o modelo terapêutico da teoria psicodinâmica e enfoque comportamental. Isso se dá pela complexidade dessa adicção da cocaína, assim, se você está com necessidade de achar um tratamento para essa droga para qualquer pessoa, é importante saber de sua complexidade, tentar entender os fatores de uso entre outros pontos dessa droga na vida da pessoa para optar pelo tratamento que lhe parece mais eficiente segundo sua descrição no texto citado na referência.
Assim, a importância desse texto pra mim é vermos a dificuldade generalizada que é sair da adicção da cocaína, e podemos pensar também nas outras adicções, que com certeza não são fáceis de se livrar também. Quem sabe mostrando os males que a cocaína causa, como alterações neurológicas como é dito no texto, e a dificuldade de se livrar dela faça com que essa crescente do mercado de drogas tenha uma frenagem. 

REFERÊNCIA:
Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado. 

domingo, 17 de maio de 2015

A interação humana e algumas de suas perspectivas

O texto a ser comentado hoje é um pouco extenso em questão de conteúdo, pois aborda várias perspectivas da interação humana, como por exemplo, como conhecemos as pessoas que interagimos, como influenciar pessoas, nossos sentimentos prós e contra objetos sociais e por que somos agressivos e quando ajudamos os outros. 
Iremos começar pelo tópico que nos pergunta: como conhecemos as pessoas com as quais interagimos? Então, como seres humanos, ao conhecermos uma pessoa, a colocamos em um "grupo" que defina o que eu acho dessa pessoa. Isso é chamado de teoria implícita de personalidade. Ou seja, eu crio grupos que definem que as pessoas pertencentes a esse grupo tem características parecidas. Segundo os psicólogos isso se chama esteriótipo. E nós sabemos muito bem dividir as pessoas em esteriótipos, como vemos na imagem ao lado. Nós fazemos isso, muitas vezes através de brincadeiras entre amigos, mas que expressam o nosso pensamento por tal grupo social.
Mas para percebermos as pessoas a nossa volta, segundo a psicologia, temos várias etapas, onde essas etapas precisam que nossos sentidos estejam bons e as condições ambientais também estejam boas. Segundo Fritz Heider, as pessoas costumam culpar os fatores internos (personalidade etc) das outras pessoas quando as mesmas agem de forma reprovável ou errada. Já quando a própria pessoa age de forma errada, ela culpa fatores externos (o contexto, outras pessoas). Isso nenhum de nós pode dizer que é mentir, basta nós olharmos pra nossas atitudes diárias, eu mesmo já fiz isso muitas vezes, admito. Para comprovar que fazemos isso temos o outro lado da explicação, como quando temos êxito em algo, quando temos sucesso nós atribuímos esse sucesso as nossas próprias qualidades, ou seja, temos um tendencionismo auto-servidor, ou seja, ao meu ver quer dizer que adequados o sucesso ou insucesso de nossas ações ao que nos fará sentir melhor, pois quando temos sucesso atribuídos as nossas qualidades, é mérito nosso, e quando erramos e culpamos as externalidades, aquilo não nos pertence.
Assim, é afirmado no texto e eu concordo plenamente que, nós fazemos a maioria das atribuições baseadas no que queremos ver, ou seja, elas são afetadas por erros e nossas tendências.
No texto temos uma "fórmula" de sabermos se o fato da ação foi interno ou externo. Nessa fórmula temos que ter o consenso, a consistência e a nitidez. Quando tempo alto consenso, alta consistência e alta nitidez com a sociedade, a causa é atribuída a um fator externo pois o social quem influenciou a ação. Já se o oposto acontecer é porque a causa foi um fator interno, pois a pessoa não foi coagida socialmente a agir assim, ela agiu de tal forma porque é algo dela, interno a ela.
Passando para o tópico seguinte, o que nos mostra como influenciamos as pessoas ou somos por elas influenciados. É dito que estamos constantemente tentando mudar o comportamento alheio, e é extremamente verdade ao meu ver. Quando meus irmãos ou amigos fazem algo que julgo errado eu tento uma intervenção de que aquilo não está certo e que deveria ser feito de outra forma, ou seja, estou tentando influenciar a pessoa a fazer o que eu julgo certo. E nós temos a influência social, que todos sabemos que cada sociedade tem uma e por isso cada povo tem características marcantes diferentes uns dos outros.

Na base de toda influência está o poder, pois o poder caracteriza uma influência potencial, ou seja, com aquele poder aquela pessoa tem o potencial de provavelmente influenciar a pessoa que ela tem poder sobre. Nessa questão de poder, nós temos vários tipos. São eles o poder de coerção, de recompensa, de referência, de conhecimento, legítimo e de informação. Cada poder funciona de uma forma, o de coerção é quando uma pessoa tenta coagir a outra de alguma forma; já o de recompensa se dá algo para a pessoa agir de tal forma; de referência é quando a pessoa que detêm poder sobre a outra é visto como referência a ser seguida; de conhecimento que é quando a pessoa tem mais conhecimento daquilo que você, logo você a obedece; legítimo é aquele dito como autoridade, e nos é passado sua legitimidade nossa vida toda; e por fim o poder de informação, o qual é o que se utiliza da informação sobre tal tema para convencimento. Os poderes de coerção e de recompensa são pouco eficazes pois a pessoa coagida só fara aquilo na frente do detentor do poder e o da recompensa só agirá assim frente a recompensa, não há aprendizado. Ao meu ver, e acho que ao ver dos psicólogos também, o melhor poder é o de informação, pois lhes é passado a informação pelo detentor do poder, e a pessoa tira suas próprias conclusões dessas informações, ou seja, ela aprende o que é melhor e age da forma que ela julgou mais coerente com as informações.
Há também formas de persuasão, são elas o princípio do contraste (ex: você quer 10 reais, pede 1000 e a pessoa nega dizendo ser muito, então pede 10, que perto de 1000 é muito pouco e a pessoa lhe dá, você estabeleceu um contraste para conseguir o que queria), a regra da reciprocidade (você fez X pela pessoa, logo ela lhe fará Y porque você fez X por ela e ela deve isso a você) e a comprovação social (usa da pressão social, ou seja, nos adequamos aos outros pois não gostamos de ser diferentes, então os outros estão conosco fazendo isso, logo posso fazer).
Mudando de tópico e indo para as atitudes sociais, os nossos sentimentos prós e contra objetos sociais. Nós todos temos atitudes, que podem ser contra algo ou apoiando algo, ou seja, somos prós ou contra certas coisas. Segundo o texto, a atitude tem componentes, sendo eles o afetivo (sou pró ou contra), cognitivo (os pensamentos) e comportamento (prontidão para responder a atitude).
A verdade é que para que as atitudes sejam coerentes é preciso que o afetivo, cognitivo e o comportamento estejam seguindo a mesma ideia, ou seja, se sou comunista, penso como comunista, tenho afetividade como, devo me comportar como, seguindo as ideias comunistas. Há casos de pessoas que pensam no comunismo como o certo, tem afetividade, mas ao agir agem como capitalistas, ou seja, não há coerência. Assim, se não há coerência então a atitude daquela pessoa produziu um comportamento incompatível, incoerente com seus pensamentos.
Mudança de atitude, algo tão falado pelas pessoas na rua "a partir de hoje eu vou mudar isso". Pelo que vimos no texto, é complicado mudar atitudes, pois elas envolvem diversas questões do ser humano, seu afetivo, seus pensamentos, como a pessoa se comporta. O que compreendi é que, para conseguirmos mudar de atitude é preciso que nós mesmos criemos razões nossas para mudar de atitude. Por exemplo, eu fumo. Minha família quer que eu pare de fumar e me falam os males do fumo etc etc, não me convencem, não crio minhas próprias razões para parar de fumar. Posso até parar por um tempo para agradá-los ou para eles pararem de encher o saco, mas depois de um tempo posso voltar, porque não formulei isso na minha cabeça, aquilo não é meu, não sou eu quem quero mudar de atitude, estão querendo que eu mude, e eu só irei mudar de atitude verdadeiramente quando eu fizer essa vontade de mudança pessoal, ou seja, essa vontade seja verdadeiramente minha, eu veja motivos para tal mudança, se não não haverá mudança concreta.
A última perspectiva que vou comentar é a que pergunta: Por que somos agressivos e quando ajudamos os outros? Pra começar temos que definir agressão. Agressão é qualquer comportamento cuja a finalidade seja causar dano aos outros, ou seja, tem de haver intenção, segundo essa definição, pois se eu causei o dano a alguém mas não tinha intenção, ou se eu tentei causar danos mas não consegui a agressão não existiu.
Isso nos leva ao estudo de Milgram, que foi o texto de semana passada, onde as pessoas davam supostos  choques numa pessoa por erros cometidos por ela. A intenção ali ela corrigir, ao meu ver, não causar danos ao outro, assim a agressão não aconteceu. Isso de não ter havido agressão nesses casos me incomoda um pouco, e acho que incomodava a muitas pessoas, logo a psicologia definiu isso como "crimes de obediência". Crimes de obediência são atos condenáveis feitos em cumprimento de ordens de superiores, ou seja, soldados que mataram outros na guerra porque superiores mandaram, pessoas que matam/batem em alguém porque outro alguém mandou, podem não ter cometidos agressão pela definição, mas cometeram crimes de obediência, pois alguém por trás deles mandou que eles causassem danos a outros, eles obedeceram. Seria muito fácil se livrar da agressão  se usássemos ao pé da letra a definição dita anteriormente, mas ainda bem que alguém condenou esses atos pois se não tivessem definido, muitos alegariam não terem cometido agressões.
Mas é a agressividade, surge de onde? No texto vemos que é muito difícil atribuirmos a agressividade a um só fator. Eu concordo com isso, cada pessoa agressiva tem seus motivos para ser assim, seja o social, a influência, por gostar disso, por definição mental. A razão da agressividade em uma pessoa são várias, e se definir a agressividade em uma pessoa é complexo, definir a agressividade universalmente, ao meu ver, é impossível.
Agora passando para a parte de "quando ajudamos os outros?". Nós temos a ajuda altruísta (ajuda sem querer retribuição, é gratuita) e a ajuda na qual queremos algo em troca. Mas a ajuda aos outros, independente de ser altruísta ou não, sua ação depende se estamos sozinhos ou em grupo.
Quando estamos só temos uma maior tendência em ajudar, e isso é real, se pararmos pra analisar nossa vida, quando alguém está passando mal na sua frente, você vai lá e ajuda quase que imediatamente, liga pro SAMU, bombeiros, o que for, pois a sua ajuda pode salvar aquela pessoa, ou seja, por estar sozinho, a imagem de que só você pode ajudar te impulsiona a ajudar. Então estar só favorece a ajuda. Já quando estamos em grupo, ocorre um fenômeno chamado de difusão da responsabilidade, algo que não fazemos apenas quando alguém precisa de ajuda e sim no nosso dia a dia, ou seja, por terem muitas pessoas, a responsabilidade é difusa, ou seja, não é só minha, não depende de mim, eu jogo a responsabilidade pro outro. E se todos jogarem a responsabilidade pro outro acaba que ninguém age. Assim, é importante prestarmos atenção nisso, pois isso pelo menos me ensinou que, independente de estar só ou com alguém, é minha responsabilidade ajudar, se as circunstâncias permitirem, pois se eu não fizer, talvez ninguém faça e alguém sofreu danos porque ninguém teve a atitude de agir. Como a imagem ao lado diz, "atitude é uma coisas pequena que faz uma grande diferença.", e a falta de atitude também faz uma grande diferença, se pararmos pra pensar.
Se refletirmos sobre tudo que o texto disse, talvez nos tornemos pessoas mais dispostas a ajudar os outros, a entender e aceitar os outros, e se precisarmos influenciar alguém para o bem, já sabemos os melhores caminhos. Melhorarmos como pessoa é fundamental, e ao meu ver o texto me ajudou a ver alguns erros meus e tentar consertá-los, e sabendo a dificuldade da mudança na atitude, eu espero melhorar. E espero que quem o ler também pense assim. Logo, esse texto é de suma importância pois se ajuda a melhorarmos como seres humanos, ele tem grande valor.
REFERÊNCIA:
Rodrigues, A. (1992Psicologia social para principiantes:estudo da interação humanaRio de JaneiroVozes.

domingo, 10 de maio de 2015

Stanley Milgram e a obediência à autoridade.

O texto a ser comentado hoje fala sobre um experimento feito por Milgram, um professor de psicologia, o qual foi feito para verificar a obediência das pessoas à uma autoridade, e tentar traçar um perfil de pessoas que seriam desafiadoras e de pessoas obedientes.
O experimento foi feito de uma forma em que a pessoa que estava sendo testada não tinha consciência do real propósito do mesmo. A pessoa via um anúncio de um estudo o qual eles ganhariam uma certa quantidade de dinheiro para a participação no mesmo. 
A pessoa chegava numa sala, onde encontrava um moço vestido de jaleco branco, e após isso era apresentado a outra pessoa, que também faria parte do experimento. A pessoa era apresentada ao que acontecia, ou seja, o "pesquisador" dizia ao mesmo que um deles iria responder a perguntas e se errasse tomaria um choque que gradativamente iria aumentar de intensidade, e quem daria o choque seria a outra pessoa. 
O pesquisador era falso, e a outra pessoa que passaria pelo experimento também. Ambos eram dirigidos a uma sala, onde a pessoa que estava lá sem saber a realidade do estudo deveria colocar o outro "parceiro" de projeto numa cadeira de choque, onde essa pessoa seria amarrada na cadeira pela própria pessoa. Após isso, a pessoa que chegou ali por meio do anúncio era dirigida a uma sala que tinha um controle de choques, onde havia as voltagens desses choques. Essa pessoa fora instruída pelo pesquisador a fazer perguntas por um microfone para o parceiro. A medida que a pessoa ia acertando, nada ele sofria, mas no momento que ela errasse ela tomaria um choque, a princípio numa menor voltagem. Se voltasse a errar, outro choque com uma voltagem um pouco maior, e assim sucessivamente.
Assim, o experimento se iniciava. O problema é que, numa certa voltagem, a pessoa que estava tomando os choques começava a gritar de desespero, de dor, de agonia. A pessoa que estava aplicando os choques, provavelmente, ficaria relutante em continuar, mas o pesquisador afirmava que o estudo era sério e não causaria danos a pessoa que estava tomando os choques, e propunha que a pessoa continuasse o experimento. Ai é que esta o X da questão, a pessoa continuaria a aplicar os choques e ouvir a agonia da pessoa, ou seja, obedeceria à autoridade, ou enfrentaria o pesquisador e se negaria a continuar isso? Assim, ele dividiria as pessoas em obedientes e desafiadores.
Segundo é relatado, a porcentagem de 65% das pessoas continuou a aplicação de choques, mesmo com os gritos de horror da pessoa. Isso surpreendeu Milgram, o qual esperava na verdade o oposto, o mesmo acreditava que a maioria das pessoas se negaria a continuar com essa sessão de horror.
As pessoas, ao fim do experimento, passaram por uma entrevista para verificar o perfil das pessoas, e ver se os desafiadores teriam um perfil e os obedientes outro. Acontece que não houve padrão nisso. Além disso, nesse entrevista, lhes era revelada a real natureza do estudo, e mostravam que, os obedientes, fizeram uma pessoa sofrer tanto apenas porque alguém mandou. Eles ao final do estudo mostraram o parceiro de experimento, perfeitamente bem, pois o mesmo estava apenas fingindo dor naqueles gritos e desespero. E após expor os resultados os disseram que fora tudo encenação e que, na verdade, eles não tinham causado dano algum a pessoa. Muito fácil falar isso, depois de tal encenação tão real, ao meu ver, o dano/trauma causado nas pessoas obedientes já estava consumado.
A verdade é que, inicialmente podemos julgar essas pessoas por terem continuado o experimento, mesmo ouvindo a dor do outro, mas se pararmos pra pensar, teríamos certeza que, naquela posição, teríamos sido desafiadores?
No texto, temos uma mulher que não aguentou apenas ficar com essa dúvida, e procurou duas pessoas que participaram do experimento, uma que fora obediente e a outra que fora desafiadora. No fim da avaliação, ela acaba por perceber que, a pessoa que fora desafiadora, na sua vida não demonstrou tal posição, onde o mesmo serviu ao serviço militar, não sabe dizer se matou ou não alguém na guerra que participou, e ainda afirmou a ela que só foi desafiador porque ficou com medo de ter um ataque cardíaco com a pressão do experimento. E o que foi até o fim do experimento, na verdade mudou sua posição de vida por "culpa" do experimento, ou seja, ele viu que obedecer às autoridades o faria ter matado uma pessoa, e mudou sua perspectiva de vida a partir daí.
Isso nos faz pensar, é verdade que tal experimento é extremamente errado por mexer com os traços psicológicos das pessoas que participaram do mesmo, mas não podemos dizer que não fora relevante. Temos que nos colocar no lugar de Milgram, onde o mesmo acreditava que quase ninguém fosse chegar ao fim da aplicação de choques. Talvez ele não tenha medido a extensão do seu estudo, nem pro lado bom, que foi o moço que aprendeu com o erro feito no estudo, nem pro ruim, onde podem ter havido pessoas que sofreram com o resultado do estudo (proporcionar o sofrimento estridente de uma pessoa apenas por que alguém mandou).
A obediência cega dos obedientes no pesquisador podem ter acontecido por N motivos, ao meu ver não há como definirmos se foi pela história de vida da pessoa, se foi pela situação. Isso para mim vem como uma explicação para a ausência de perfil entre os obedientes e desafiadores, pois a atitude da pessoa naquele momento pode ter motivações completamente diferentes, mas na visão geral, ocasionaram a mesma coisa, a parada do experimento ou a continuação e obediência do mesmo. Como exemplo temos o caso do homem que apenas parou por medo de passar mal, mas podemos ter motivações como dó da pessoa que estava gritando de dor, entre outros motivos que podem existir.
Isso nos mostra que a questão de obedecer ou não as autoridades não têm uma explicação concreta e certeira, como o exemplo dos nazistas. Talvez eles tenham obedecido Hitler porque ele era uma autoridade e os fora ensinado que não se contesta autoridades, se cumpre o que elas mandam. Talvez o tenham obedecido porque concordavam com seu pensamento, ou porque todos estavam obedecendo, ou por medo de sofrerem consequências. Não há como julgarmos o porque da escolha das pessoas. Podemos e devemos repugnar a atitude de extermínio deles, mas fingir entender e justificar o porque da atitude deles em obedecer a uma pessoa que muitos, e inclusive eu, achamos ser louca por ter matado tantos sem remorso é muito complicado. 
A verdade é que a subjetividade dessa questão é muito grande e complexa pra mim. A subjetividade do ser humano me surpreende muito, e eu creio que jamais vai deixar de me surpreender, somos muito imprevisíveis para algumas coisas mas ao mesmo tempo previsíveis. É uma questão um tanto complicada.

REFERÊNCIA:
Slater, L.(2004) Mente e Cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro