domingo, 31 de maio de 2015

A cocaina, parte II.

Na postagem de hoje comentaremos sobre o mesmo texto da semana passada. Mas essa parte do texto teve uma leitura muito melhor e mais fácil, por ser mais prática. É a parte prática do estudo de Agostinha Mariana chamado "Complexidade de associações de estímulos condicionais de “occasion setting” do contexto do uso de droga, com abstinentes de cocaína: Uma interface entre o laboratório e a clínica".
A metodologia do estudo foi qualitativa, e contou com 15 participantes, todos homens, onde eles deveriam ter abstinência mínima de 3 meses. Eles tinham entre 24 e 40 anos. Esse número de participantes foi escolhido porque relatos além desse número não acrescentariam mais. A autora buscava examinar com maior profundidade ps significados e representações atribuídas aos efeitos da droga, olhando como os adictos veem o contexto do uso da cocaína.
Foram observadas a história do uso da droga, a manutenção da abstinência, os efeitos da droga, entre outros. E foi através do estudo disso que se identificou elementos comuns, regularidades dos elementos e padrões comportamentais dos adictos.
Ao analisarmos o contexto, viu-se que a experiência com as drogas começa geralmente com a maconha, onde o aumento do uso, ou como a autora chama, a escalada de adicção, se dá de forma ou quantitativa ou qualitativa, onde a primeira é dada com o aumento da dose da mesma droga, e a segunda se dá pela mudança para uma droga mais pesada.
Já sabemos que eles passam de uma droga mais "leve" para outras mais pesada, mas por que disso? A várias justificações para essa passagem, sendo ela como a explicação que diz que a maconha é apenas a porta de entrada nesse mundo, instigando eles a explorar, ou a de que as experiência positivas com o uso da maconha os encoraja a usar outros tipos de droga, e por fim a justificativa de que o contato com outras pessoas que usam drogas mais pesadas os influência.
O uso da maconha no estudo se deu entre os 13 e 15 anos, onde eles chegaram até a cocaína mais ou menos entre os 15 e 18 anos, dando ai um período de 2 a 3 anos para a escalada até a cocaína.
Ela ainda lista os motivos de iniciação na droga, podendo ser por curiosidade, influência de amigos e festas, entre outros.
Algo que me surpreendeu muito foi a auto-visão dos adictos, onde eles possuem um sentimento de baixa auto-estima, onde a adicção é geradora de sentimentos de fracasso, inabilidade em responder adequadamente aos desafios do cotidiano. Ou seja, eles têm uma imagem muito negativa de si próprios. Isso me fez refletir que a própria droga já está fadando a pessoa a adicção, pois como foi dito no texto, a pessoa se sente poderosa e dona da razão quando usa a droga, mas quando o efeito acaba ela é uma fracassada, ou seja eles usam-na para se sentirem bem, assim é a pessoa ligando a droga o sentimento de que ela quem lhe dá poder, sendo necessário que aqueles que experimentam por curiosidade tenham isso sob aviso, de que a droga por si só tem seus meios de gerar adicção na pessoa.
É importante sabermos que a auto-estima não nasce com a pessoa, e formada ao longo da vida do mesmo, assim, é necessário que estimulemos aqueles que estão a nossa volta a ligar sua auto-estima a coisas verdadeiramente boas, e mostrarmos que aquela sensação que a droga faz os adictos sentirem é falsa, é mascarada.
Outro ponto que me chamou muito a intenção foi a imagem da família para os adictos. Muitas vezes eu ligava a imagem deles com uma família desestruturada, mas via ao meu redor "filhinhos de papai" que tem "tudo" se tornando adictos. Nunca me passou pensar que a superproteção familiar poderia formar uma pessoa fadada a adicção. Como diz minha mãe e isso se confirma aqui é que "Tudo demais estraga", então largar demais os filhos ou protegê-los ao extremo também, e que isso sirva de aprendizado pra todos nós que pensamos em um dia formar uma família.
A questão da adicção é muito mais complexa do que eu imaginava. Eu a simplificava demais, culpando a própria pessoa por não conseguir sair dessa vida, mas quando eu me compadecia e conhecia a história da pessoa era tomada de dúvidas, e esse texto me mostrou novos horizontes.
Retomando um pouco do texto anterior pois foi retomado nesse texto é a questão da abstinência e recaídas. A abstinência da cocaína fisicamente não é devastadora, mas internamente, mentalmente é, tem que se tomar cuidado com isso. Além disso, uma informação extra é a de que a cocaína tem alto potencial de adicção, então tomem cuidado nas aventuras da vida. As recaídas são comuns, porque há motivadores significativos que fazem com que a pessoa volte a usar, sejam sensações, locais, amigos, etc, que o motivam a cocaína, cabendo, assim apoiar essas pessoas que estão em período de abstinência os dando motivadores significativos contra o uso da droga que sejam mais fortes do que os de usá-la, dar motivos pessoais ao adicto a não querer voltar a usá-la por conta própria.
Ao meus ver, o Brasil é muito precário quanto aos tratamentos aos adictos. Pode ser porque eu não tenha procurado o bastante, mas falando do que conheço, a precariedade é enorme. Pouco se é estudado pelos que tratam dessas pessoas, passando assim um tratamento superficial, onde a pessoa sai da clínica vulnerável a recaídas porque criou uma inverdade de superação da droga, porque o profissional que a tratou não sabe desses detalhes do uso da droga. Assim, espero que isso mude de alguma forma, e acredito que esse e os demais blogs dos meus colegas podem ajudar nessa "descoberta" de que precisamos voltar os olhos para as drogas, mas não olharmos com repudia e julgá-los, mas tentarmos de alguma forma ajudá-los verdadeiramente a sair dessa vida.
REFERÊNCIA:
Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.

sábado, 23 de maio de 2015

A cocaína, seus fatores e consequências

Hoje o texto a ser comentado tem como foco o estudo da droga cocaína. Confesso ter achado o texto um pouco complexo e maçante mas ainda assim a leitura do mesmo foi bastante válida, e penso ser válida para todos, por mostrar um tema pouco explorado pelas pessoas, onde muitos de nós sabemos apenas superficialmente sobre drogas e sobre a cocaína, as vezes evitando ler sobre por preconceitos, por acharmos que já conhecemos bastante. Falo isso porque eu mesmo tinha preconceitos sobre o tema, mas me abriu os olhos pra algumas coisinhas sobre a cocaína, como sua complexidade de tratamento por exemplo.
O texto explica o porque de estar estudando essa droga, e isso se dá porque o mercado das drogas está em expansão, e seu carro chefe de vendas é a cocaína. Isso todos sabemos definitivamente que é um problema, e grave, porque se seu mercado está mais movimentado, quer dizer que seu consumo está aumentando e deve-se olhar mais de perto isso para que esse fenômeno retroceda pois pra mim saber disso me preocupa bastante.
Como todos sabemos, as drogas causam dependências e adicções, no texto temos a definição desses termos, onde ele nos explica que adicção é o aumento frequente na dose e/ou frequência da droga. Para entendermos a adicção, devemos olhar não somente para a dependência fisiológica da pessoa e o seu organismo, mas também ao contexto em que a pessoa usufrui da droga, só assim iremos entender esse fenômeno. Na verdade, são diversos os fatores do motivo de alguém ser adicto. onde podemos citar Kessler que disse que há fatores de ordem cultura, social, interpessoal e genético. Além desses, são vistos no texto a adicção pode estar relacionada à ansiedade decorrente de perdas, da estrutura familiar. É importante sabermos que são inúmeros os fatores, e para entender a adicção de alguém que é próximo a nos devemos olhar tudo que o compõe, o cerca e o influencia. Ou seja, devemos ter o conhecimento de que a dependência de uma pessoa a uma droga é resultado de uma somatória de problemas de natureza biopsicossocial.
Na década de 80, onde seu uso aumentou consideravelmente, a cocaína era geralmente usada por uma classe com maior poder aquisitivo. Depois a droga se transformou em um fenômeno diversificado, e o consumo da faixa etária de 18 a 25 anos aumentou consideravelmente. Deve-se lembrar que, como se trata de uma droga ilícita, o que é dito sobre o seu uso é dito de forma arbitrária pois o acesso a realidade é impossível por sua natureza ilícita.
Ainda olhando para a cocaina ao longo dos tempos, sabemos que antigamente seus usuários adictos eram vistos como pecadores, criminosos, pessoas fracas, e isso mudou, passou a ser vista como uma doença, e realmente é, pois basta ver a luta que é para sair desse estado de adicção, seu corpo, sua mente, tudo leva a pensar que é melhor continuar o uso pois as sensações da pessoa no período de abstinência são extremamente incomodas.
Para falarmos de abstinência da cocaína, temos de falar primeiro as sensações que a droga fornece. Seus efeitos farmacológicos se assemelham a anfetamina, sendo eles a euforia, a verbosidade, hiperatividade motora e exagero do prazer. Além disso, é conhecido que a cocaína causa taquicardia, aumento de pressão sanguínea e vasoconstrição. A abstinência da cocaína não é vista fisicamente com tanta clareza quanto a abstinência do álcool por exemplo, ela na verdade tende a causar depressão e disforia, ou seja, ataca o psicológico da pessoa. No texto é dito que a abstinência é dividida em duas, a psicológica e a fisiológica, e que a psicológica é mais poderosa que a outra, ou seja, tendem a serem mais difíceis de serem superadas, e a da cocaína é um exemplo dessa abstinência. 
A adicção é influenciada por reforçamentos tanto negativos quanto positivos e alterações de circuitaria neuronal. Além disso, se apoiam no craving, que nada mais é do que desejo compulsório de consumir a droga. E como a cocaína tem período de efeito muito curto, assim impulsiona seu usuário, se ele quiser sentir esse efeito por mais tempo, a consumi-la mais, e se ele fizer esse uso repetidamente ele produzirá um craving muito forte onde ele terá de usá-la compulsivamente para se satisfazer.
Mas a adicção é um termo muito complexo ao meu ver. Além dela ter diversos fatores que podem influência-la a acontecer, os usuários ainda podem criar um aprendizado sobre a droga, onde ele liga lugares, pessoas, dias e os efeitos sentidos a droga. Por exemplo, se eu estou no lugar x, eu ligo a droga; se estou com a pessoa y, eu ligo a droga; se estou no dia n eu ligo a droga; se quero sentir o efeito z, ligo diretamente a droga; ou seja, a pessoa "aprendeu" isso. E esse aprendizado é mais uma barreira para a tentativa de saída da adicção, isso por que se aquela pessoa está tentando sair dessa vida, mas frequenta os mesmos lugares com as mesmas pessoas que ela costumava se drogar, o cérebro a faz relembrar das sensações, e creio eu que isso esteja ligado ao psicológico, logo volta a dar foco na abstinência psicológica que a cocaína causa, assim fortalecendo a adicção. Esse aprendizado, pra mim está bastante ligado a ideia do contexto em que a pessoa usa a droga influenciá-la.
É importante ser dito aqui também que há diversas teorias que embasam meios de tratamento, que são eles a teoria motivacional, a teoria da religiosidade, o modelo terapêutico da teoria psicodinâmica e enfoque comportamental. Isso se dá pela complexidade dessa adicção da cocaína, assim, se você está com necessidade de achar um tratamento para essa droga para qualquer pessoa, é importante saber de sua complexidade, tentar entender os fatores de uso entre outros pontos dessa droga na vida da pessoa para optar pelo tratamento que lhe parece mais eficiente segundo sua descrição no texto citado na referência.
Assim, a importância desse texto pra mim é vermos a dificuldade generalizada que é sair da adicção da cocaína, e podemos pensar também nas outras adicções, que com certeza não são fáceis de se livrar também. Quem sabe mostrando os males que a cocaína causa, como alterações neurológicas como é dito no texto, e a dificuldade de se livrar dela faça com que essa crescente do mercado de drogas tenha uma frenagem. 

REFERÊNCIA:
Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado. 

domingo, 17 de maio de 2015

A interação humana e algumas de suas perspectivas

O texto a ser comentado hoje é um pouco extenso em questão de conteúdo, pois aborda várias perspectivas da interação humana, como por exemplo, como conhecemos as pessoas que interagimos, como influenciar pessoas, nossos sentimentos prós e contra objetos sociais e por que somos agressivos e quando ajudamos os outros. 
Iremos começar pelo tópico que nos pergunta: como conhecemos as pessoas com as quais interagimos? Então, como seres humanos, ao conhecermos uma pessoa, a colocamos em um "grupo" que defina o que eu acho dessa pessoa. Isso é chamado de teoria implícita de personalidade. Ou seja, eu crio grupos que definem que as pessoas pertencentes a esse grupo tem características parecidas. Segundo os psicólogos isso se chama esteriótipo. E nós sabemos muito bem dividir as pessoas em esteriótipos, como vemos na imagem ao lado. Nós fazemos isso, muitas vezes através de brincadeiras entre amigos, mas que expressam o nosso pensamento por tal grupo social.
Mas para percebermos as pessoas a nossa volta, segundo a psicologia, temos várias etapas, onde essas etapas precisam que nossos sentidos estejam bons e as condições ambientais também estejam boas. Segundo Fritz Heider, as pessoas costumam culpar os fatores internos (personalidade etc) das outras pessoas quando as mesmas agem de forma reprovável ou errada. Já quando a própria pessoa age de forma errada, ela culpa fatores externos (o contexto, outras pessoas). Isso nenhum de nós pode dizer que é mentir, basta nós olharmos pra nossas atitudes diárias, eu mesmo já fiz isso muitas vezes, admito. Para comprovar que fazemos isso temos o outro lado da explicação, como quando temos êxito em algo, quando temos sucesso nós atribuímos esse sucesso as nossas próprias qualidades, ou seja, temos um tendencionismo auto-servidor, ou seja, ao meu ver quer dizer que adequados o sucesso ou insucesso de nossas ações ao que nos fará sentir melhor, pois quando temos sucesso atribuídos as nossas qualidades, é mérito nosso, e quando erramos e culpamos as externalidades, aquilo não nos pertence.
Assim, é afirmado no texto e eu concordo plenamente que, nós fazemos a maioria das atribuições baseadas no que queremos ver, ou seja, elas são afetadas por erros e nossas tendências.
No texto temos uma "fórmula" de sabermos se o fato da ação foi interno ou externo. Nessa fórmula temos que ter o consenso, a consistência e a nitidez. Quando tempo alto consenso, alta consistência e alta nitidez com a sociedade, a causa é atribuída a um fator externo pois o social quem influenciou a ação. Já se o oposto acontecer é porque a causa foi um fator interno, pois a pessoa não foi coagida socialmente a agir assim, ela agiu de tal forma porque é algo dela, interno a ela.
Passando para o tópico seguinte, o que nos mostra como influenciamos as pessoas ou somos por elas influenciados. É dito que estamos constantemente tentando mudar o comportamento alheio, e é extremamente verdade ao meu ver. Quando meus irmãos ou amigos fazem algo que julgo errado eu tento uma intervenção de que aquilo não está certo e que deveria ser feito de outra forma, ou seja, estou tentando influenciar a pessoa a fazer o que eu julgo certo. E nós temos a influência social, que todos sabemos que cada sociedade tem uma e por isso cada povo tem características marcantes diferentes uns dos outros.

Na base de toda influência está o poder, pois o poder caracteriza uma influência potencial, ou seja, com aquele poder aquela pessoa tem o potencial de provavelmente influenciar a pessoa que ela tem poder sobre. Nessa questão de poder, nós temos vários tipos. São eles o poder de coerção, de recompensa, de referência, de conhecimento, legítimo e de informação. Cada poder funciona de uma forma, o de coerção é quando uma pessoa tenta coagir a outra de alguma forma; já o de recompensa se dá algo para a pessoa agir de tal forma; de referência é quando a pessoa que detêm poder sobre a outra é visto como referência a ser seguida; de conhecimento que é quando a pessoa tem mais conhecimento daquilo que você, logo você a obedece; legítimo é aquele dito como autoridade, e nos é passado sua legitimidade nossa vida toda; e por fim o poder de informação, o qual é o que se utiliza da informação sobre tal tema para convencimento. Os poderes de coerção e de recompensa são pouco eficazes pois a pessoa coagida só fara aquilo na frente do detentor do poder e o da recompensa só agirá assim frente a recompensa, não há aprendizado. Ao meu ver, e acho que ao ver dos psicólogos também, o melhor poder é o de informação, pois lhes é passado a informação pelo detentor do poder, e a pessoa tira suas próprias conclusões dessas informações, ou seja, ela aprende o que é melhor e age da forma que ela julgou mais coerente com as informações.
Há também formas de persuasão, são elas o princípio do contraste (ex: você quer 10 reais, pede 1000 e a pessoa nega dizendo ser muito, então pede 10, que perto de 1000 é muito pouco e a pessoa lhe dá, você estabeleceu um contraste para conseguir o que queria), a regra da reciprocidade (você fez X pela pessoa, logo ela lhe fará Y porque você fez X por ela e ela deve isso a você) e a comprovação social (usa da pressão social, ou seja, nos adequamos aos outros pois não gostamos de ser diferentes, então os outros estão conosco fazendo isso, logo posso fazer).
Mudando de tópico e indo para as atitudes sociais, os nossos sentimentos prós e contra objetos sociais. Nós todos temos atitudes, que podem ser contra algo ou apoiando algo, ou seja, somos prós ou contra certas coisas. Segundo o texto, a atitude tem componentes, sendo eles o afetivo (sou pró ou contra), cognitivo (os pensamentos) e comportamento (prontidão para responder a atitude).
A verdade é que para que as atitudes sejam coerentes é preciso que o afetivo, cognitivo e o comportamento estejam seguindo a mesma ideia, ou seja, se sou comunista, penso como comunista, tenho afetividade como, devo me comportar como, seguindo as ideias comunistas. Há casos de pessoas que pensam no comunismo como o certo, tem afetividade, mas ao agir agem como capitalistas, ou seja, não há coerência. Assim, se não há coerência então a atitude daquela pessoa produziu um comportamento incompatível, incoerente com seus pensamentos.
Mudança de atitude, algo tão falado pelas pessoas na rua "a partir de hoje eu vou mudar isso". Pelo que vimos no texto, é complicado mudar atitudes, pois elas envolvem diversas questões do ser humano, seu afetivo, seus pensamentos, como a pessoa se comporta. O que compreendi é que, para conseguirmos mudar de atitude é preciso que nós mesmos criemos razões nossas para mudar de atitude. Por exemplo, eu fumo. Minha família quer que eu pare de fumar e me falam os males do fumo etc etc, não me convencem, não crio minhas próprias razões para parar de fumar. Posso até parar por um tempo para agradá-los ou para eles pararem de encher o saco, mas depois de um tempo posso voltar, porque não formulei isso na minha cabeça, aquilo não é meu, não sou eu quem quero mudar de atitude, estão querendo que eu mude, e eu só irei mudar de atitude verdadeiramente quando eu fizer essa vontade de mudança pessoal, ou seja, essa vontade seja verdadeiramente minha, eu veja motivos para tal mudança, se não não haverá mudança concreta.
A última perspectiva que vou comentar é a que pergunta: Por que somos agressivos e quando ajudamos os outros? Pra começar temos que definir agressão. Agressão é qualquer comportamento cuja a finalidade seja causar dano aos outros, ou seja, tem de haver intenção, segundo essa definição, pois se eu causei o dano a alguém mas não tinha intenção, ou se eu tentei causar danos mas não consegui a agressão não existiu.
Isso nos leva ao estudo de Milgram, que foi o texto de semana passada, onde as pessoas davam supostos  choques numa pessoa por erros cometidos por ela. A intenção ali ela corrigir, ao meu ver, não causar danos ao outro, assim a agressão não aconteceu. Isso de não ter havido agressão nesses casos me incomoda um pouco, e acho que incomodava a muitas pessoas, logo a psicologia definiu isso como "crimes de obediência". Crimes de obediência são atos condenáveis feitos em cumprimento de ordens de superiores, ou seja, soldados que mataram outros na guerra porque superiores mandaram, pessoas que matam/batem em alguém porque outro alguém mandou, podem não ter cometidos agressão pela definição, mas cometeram crimes de obediência, pois alguém por trás deles mandou que eles causassem danos a outros, eles obedeceram. Seria muito fácil se livrar da agressão  se usássemos ao pé da letra a definição dita anteriormente, mas ainda bem que alguém condenou esses atos pois se não tivessem definido, muitos alegariam não terem cometido agressões.
Mas é a agressividade, surge de onde? No texto vemos que é muito difícil atribuirmos a agressividade a um só fator. Eu concordo com isso, cada pessoa agressiva tem seus motivos para ser assim, seja o social, a influência, por gostar disso, por definição mental. A razão da agressividade em uma pessoa são várias, e se definir a agressividade em uma pessoa é complexo, definir a agressividade universalmente, ao meu ver, é impossível.
Agora passando para a parte de "quando ajudamos os outros?". Nós temos a ajuda altruísta (ajuda sem querer retribuição, é gratuita) e a ajuda na qual queremos algo em troca. Mas a ajuda aos outros, independente de ser altruísta ou não, sua ação depende se estamos sozinhos ou em grupo.
Quando estamos só temos uma maior tendência em ajudar, e isso é real, se pararmos pra analisar nossa vida, quando alguém está passando mal na sua frente, você vai lá e ajuda quase que imediatamente, liga pro SAMU, bombeiros, o que for, pois a sua ajuda pode salvar aquela pessoa, ou seja, por estar sozinho, a imagem de que só você pode ajudar te impulsiona a ajudar. Então estar só favorece a ajuda. Já quando estamos em grupo, ocorre um fenômeno chamado de difusão da responsabilidade, algo que não fazemos apenas quando alguém precisa de ajuda e sim no nosso dia a dia, ou seja, por terem muitas pessoas, a responsabilidade é difusa, ou seja, não é só minha, não depende de mim, eu jogo a responsabilidade pro outro. E se todos jogarem a responsabilidade pro outro acaba que ninguém age. Assim, é importante prestarmos atenção nisso, pois isso pelo menos me ensinou que, independente de estar só ou com alguém, é minha responsabilidade ajudar, se as circunstâncias permitirem, pois se eu não fizer, talvez ninguém faça e alguém sofreu danos porque ninguém teve a atitude de agir. Como a imagem ao lado diz, "atitude é uma coisas pequena que faz uma grande diferença.", e a falta de atitude também faz uma grande diferença, se pararmos pra pensar.
Se refletirmos sobre tudo que o texto disse, talvez nos tornemos pessoas mais dispostas a ajudar os outros, a entender e aceitar os outros, e se precisarmos influenciar alguém para o bem, já sabemos os melhores caminhos. Melhorarmos como pessoa é fundamental, e ao meu ver o texto me ajudou a ver alguns erros meus e tentar consertá-los, e sabendo a dificuldade da mudança na atitude, eu espero melhorar. E espero que quem o ler também pense assim. Logo, esse texto é de suma importância pois se ajuda a melhorarmos como seres humanos, ele tem grande valor.
REFERÊNCIA:
Rodrigues, A. (1992Psicologia social para principiantes:estudo da interação humanaRio de JaneiroVozes.

domingo, 10 de maio de 2015

Stanley Milgram e a obediência à autoridade.

O texto a ser comentado hoje fala sobre um experimento feito por Milgram, um professor de psicologia, o qual foi feito para verificar a obediência das pessoas à uma autoridade, e tentar traçar um perfil de pessoas que seriam desafiadoras e de pessoas obedientes.
O experimento foi feito de uma forma em que a pessoa que estava sendo testada não tinha consciência do real propósito do mesmo. A pessoa via um anúncio de um estudo o qual eles ganhariam uma certa quantidade de dinheiro para a participação no mesmo. 
A pessoa chegava numa sala, onde encontrava um moço vestido de jaleco branco, e após isso era apresentado a outra pessoa, que também faria parte do experimento. A pessoa era apresentada ao que acontecia, ou seja, o "pesquisador" dizia ao mesmo que um deles iria responder a perguntas e se errasse tomaria um choque que gradativamente iria aumentar de intensidade, e quem daria o choque seria a outra pessoa. 
O pesquisador era falso, e a outra pessoa que passaria pelo experimento também. Ambos eram dirigidos a uma sala, onde a pessoa que estava lá sem saber a realidade do estudo deveria colocar o outro "parceiro" de projeto numa cadeira de choque, onde essa pessoa seria amarrada na cadeira pela própria pessoa. Após isso, a pessoa que chegou ali por meio do anúncio era dirigida a uma sala que tinha um controle de choques, onde havia as voltagens desses choques. Essa pessoa fora instruída pelo pesquisador a fazer perguntas por um microfone para o parceiro. A medida que a pessoa ia acertando, nada ele sofria, mas no momento que ela errasse ela tomaria um choque, a princípio numa menor voltagem. Se voltasse a errar, outro choque com uma voltagem um pouco maior, e assim sucessivamente.
Assim, o experimento se iniciava. O problema é que, numa certa voltagem, a pessoa que estava tomando os choques começava a gritar de desespero, de dor, de agonia. A pessoa que estava aplicando os choques, provavelmente, ficaria relutante em continuar, mas o pesquisador afirmava que o estudo era sério e não causaria danos a pessoa que estava tomando os choques, e propunha que a pessoa continuasse o experimento. Ai é que esta o X da questão, a pessoa continuaria a aplicar os choques e ouvir a agonia da pessoa, ou seja, obedeceria à autoridade, ou enfrentaria o pesquisador e se negaria a continuar isso? Assim, ele dividiria as pessoas em obedientes e desafiadores.
Segundo é relatado, a porcentagem de 65% das pessoas continuou a aplicação de choques, mesmo com os gritos de horror da pessoa. Isso surpreendeu Milgram, o qual esperava na verdade o oposto, o mesmo acreditava que a maioria das pessoas se negaria a continuar com essa sessão de horror.
As pessoas, ao fim do experimento, passaram por uma entrevista para verificar o perfil das pessoas, e ver se os desafiadores teriam um perfil e os obedientes outro. Acontece que não houve padrão nisso. Além disso, nesse entrevista, lhes era revelada a real natureza do estudo, e mostravam que, os obedientes, fizeram uma pessoa sofrer tanto apenas porque alguém mandou. Eles ao final do estudo mostraram o parceiro de experimento, perfeitamente bem, pois o mesmo estava apenas fingindo dor naqueles gritos e desespero. E após expor os resultados os disseram que fora tudo encenação e que, na verdade, eles não tinham causado dano algum a pessoa. Muito fácil falar isso, depois de tal encenação tão real, ao meu ver, o dano/trauma causado nas pessoas obedientes já estava consumado.
A verdade é que, inicialmente podemos julgar essas pessoas por terem continuado o experimento, mesmo ouvindo a dor do outro, mas se pararmos pra pensar, teríamos certeza que, naquela posição, teríamos sido desafiadores?
No texto, temos uma mulher que não aguentou apenas ficar com essa dúvida, e procurou duas pessoas que participaram do experimento, uma que fora obediente e a outra que fora desafiadora. No fim da avaliação, ela acaba por perceber que, a pessoa que fora desafiadora, na sua vida não demonstrou tal posição, onde o mesmo serviu ao serviço militar, não sabe dizer se matou ou não alguém na guerra que participou, e ainda afirmou a ela que só foi desafiador porque ficou com medo de ter um ataque cardíaco com a pressão do experimento. E o que foi até o fim do experimento, na verdade mudou sua posição de vida por "culpa" do experimento, ou seja, ele viu que obedecer às autoridades o faria ter matado uma pessoa, e mudou sua perspectiva de vida a partir daí.
Isso nos faz pensar, é verdade que tal experimento é extremamente errado por mexer com os traços psicológicos das pessoas que participaram do mesmo, mas não podemos dizer que não fora relevante. Temos que nos colocar no lugar de Milgram, onde o mesmo acreditava que quase ninguém fosse chegar ao fim da aplicação de choques. Talvez ele não tenha medido a extensão do seu estudo, nem pro lado bom, que foi o moço que aprendeu com o erro feito no estudo, nem pro ruim, onde podem ter havido pessoas que sofreram com o resultado do estudo (proporcionar o sofrimento estridente de uma pessoa apenas por que alguém mandou).
A obediência cega dos obedientes no pesquisador podem ter acontecido por N motivos, ao meu ver não há como definirmos se foi pela história de vida da pessoa, se foi pela situação. Isso para mim vem como uma explicação para a ausência de perfil entre os obedientes e desafiadores, pois a atitude da pessoa naquele momento pode ter motivações completamente diferentes, mas na visão geral, ocasionaram a mesma coisa, a parada do experimento ou a continuação e obediência do mesmo. Como exemplo temos o caso do homem que apenas parou por medo de passar mal, mas podemos ter motivações como dó da pessoa que estava gritando de dor, entre outros motivos que podem existir.
Isso nos mostra que a questão de obedecer ou não as autoridades não têm uma explicação concreta e certeira, como o exemplo dos nazistas. Talvez eles tenham obedecido Hitler porque ele era uma autoridade e os fora ensinado que não se contesta autoridades, se cumpre o que elas mandam. Talvez o tenham obedecido porque concordavam com seu pensamento, ou porque todos estavam obedecendo, ou por medo de sofrerem consequências. Não há como julgarmos o porque da escolha das pessoas. Podemos e devemos repugnar a atitude de extermínio deles, mas fingir entender e justificar o porque da atitude deles em obedecer a uma pessoa que muitos, e inclusive eu, achamos ser louca por ter matado tantos sem remorso é muito complicado. 
A verdade é que a subjetividade dessa questão é muito grande e complexa pra mim. A subjetividade do ser humano me surpreende muito, e eu creio que jamais vai deixar de me surpreender, somos muito imprevisíveis para algumas coisas mas ao mesmo tempo previsíveis. É uma questão um tanto complicada.

REFERÊNCIA:
Slater, L.(2004) Mente e Cérebro. Rio de Janeiro: Ediouro 

domingo, 3 de maio de 2015

As avaliações baseadas na curva normal são as melhores pro aprendizado?

Hoje teremos a discussão se as avaliações educacionais que passamos ao longo da nossa vida acadêmica que são baseadas na curva norma são realmente as melhores pro nosso aprendizado. Teremos como base o texto que nos apresenta a avaliação baseada na curva de distribuição normal e na utilização de uma avaliação diferenciada, individualizada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba.
A curva de distribuição normal é uma curva que nos mostra que a maioria tem tendência a se localizar na média, e minorias se localizam nas extremidades. Isso, na questão de ensinos e avaliações seriam ditas como: a maioria das pessoas ficam com notas medianas, e dois grupo se espalham nas extremidades, ou seja, uma minoria fica com notas baixas e a outra com notas altas.
A verdade é que a maioria das avaliações que passamos no decorrer de nossa vida é baseada nessa curva, sejam na escola, ou pro ingresso em universidades e instituições públicas. Assim, muitos das pessoas que formulam avaliações buscam essa curva normal nos resultados, onde a distribuição dos alunos seja assim feita. 
É completamente aceitável, na minha opinião, ter essa distribuição normal como foco das avaliações classificatórias/eliminatórias, pois é esse o objetivo das mesmas, é classificar as pessoas, para que os que tiveram melhor desempenho sejam beneficiados, mas claro que os conteúdos previstos para a provas devem ser coerentes com o que foi previsto. A diferença deve vir nas avaliações escolares e universitárias, pois essa distribuição não deveria ser um objetivo das avaliações, pois o foco alí é o aprendizado. Para o aprendizado na verdade os avaliadores deveriam querer que todos os alunos os quais eles ensinaram tivessem notas altas na avaliação. Isso seria mais facilmente alcançado se houvesse uma individualização dos alunos, e além disso o conteúdo deve ser passado de forma entendível, com auxílio para aqueles que tem dificuldade de acompanhar o tempo do professor, a prova deveria ser compatível com o que foi passado em sala, longe daquelas definições de prova difícil ou fácil, mas sim sempre ter uma prova coerente com o que foi passado em sala. Isso seria algo que, ao meu ver, seria viável atualmente, para melhorar esse foco no aprendizado.
No texto que fala da curva normal, é dito que o tempo do aluno deve ser respeitado, onde a avaliação deveria acontecer quando o aluno se sentisse preparado. Eu entendo essa afirmação, mas acho a aplicação da mesma muito complicada, pois temos pessoas que, quando a decisão de avaliação chegasse a suas mãos procrastinariam a mesma o máximo de tempo possível. Além disso, é bastante complicado conseguirmos isso porque não temos a estrutura e o conhecimento para essa adaptação ao tempo de cada um como um todo. Temos exemplos em que nos temos essa adaptação ao tempo de aprendizado dos alunos, o exemplo é das escolas públicas do DF, onde alunos com laudos médicos conseguem ter um acompanhamento individual, onde as professoras se esforçam para se adaptar ao tempo do aluno. Mas esse exemplo é numa escala pequena, de apenas alunos laudados, onde a execução dessa individualização pra todos alunos, ao meu ver, atualmente é inviável. É ideal, mas não é possível.

O segundo texto que esta sendo usado como base nos mostra uma turma em que há a individualização dos alunos, em que não há esse foco na distribuição normal para os resultados da avaliação. É visto nesse exemplo que o aprendizado através dessa individualização é beneficiado, pois lá o foco é que todos aprendam o conteúdo previsto, onde cada um foi avaliado no seu tempo, colocando a prova que realmente a individualização é melhor para o aprendizado. Eu concordo com isso, só não acho que temos, atualmente, a estrutura para mudar todo um sistema educacional que as pessoas já estão acostumadas por um novo, do dia pra noite. Temos alguns casos em que essa individualização é possível, como no exemplo que eu dei de alunos com laudos médicos, mas como é numa escala pequena é viável. 
Então, através dessas leituras, me abriu os olhos para o foco na aprendizagem, se as escolas e universidades estão realmente focando nisso, que é o mais importante. Além disso, no meu ponto de vista, a maior dificuldade dessa individualização requerida no primeiro texto e exemplificada com um caso real no segundo texto, seria se adaptar ao tempo do aluno, onde o mesmo poderia escolher quando ser avaliado. Eu acho que ter uma data prefixada pras avaliações, onde o aluno sabe quando será avaliado e deve sentir a necessidade de aprender o conteúdo até antes daquela data, pode ajudar no aprendizado. A adaptação ao tempo próprio de cada um da forma que é descrita no texto dois seria ideal, mas como na nossa realidade a dificuldade em respeitar isso é muito difícil, essa prefixação da avaliação tem sucesso, mas apenas se o aluno tiver meios de sanar dúvidas e apoio no aprendizado, pois sabemos que todos tem seu tempo de aprendizado, e isso seria um meio de ajudar quem tem um tempo mais lento.
Assim, para melhorar o aprendizado dos alunos é importante sair dessa necessidade de distribuir os resultados das pessoas numa distribuição normal, querendo assim que todos aprendam os conteúdos de forma completa, pensando nas pessoas com individualidade, sabendo que cada um tem um ritmo de aprendizado diferente, onde devemos dar meios para as pessoas terem oportunidades mais justas de aprendizado, adaptando esses meios a viabilidade, pois não adianta criarmos meios perfeitos de aprendizado se a aplicação a nossa realidade é muito complicada.

Referência:
Dib, C.Z. (2002) Afinal, o que você efetivamente mede quando sua avaliação é referenciada pela distribuição normal? Boletim informativo do instituto de Física da USP. http://www.if.usp.br/bifusp/bifold/bif0218.htm
Moraes, A. B. A. ; Vieira, R. C. ; Valvano, M. . (1981) Aplicação de um curso programado e individualizado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Revista da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, 35, 498-508.